Brasília – O presidente em exercício José Alencar voltou a criticar as taxas de juros ao dizer que o País não deve ser “tão compreensivo em relação a este custo que onera a produção e mina a competitividade das empresas brasileiras”. Em palestra na 9.ª Convenção da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra (Adesg), Alencar enfatizou, no entanto, que não defende nenhum tipo de calote por parte do governo.
“Alguém poderá dizer: mas o vice-presidente da República está falando em calote? Não, tenho meio século de vida empresarial pagando rigorosamente todas as minhas dívidas e nunca dei calote nem dei prejuízo a ninguém. Não concordo com isso de forma alguma e o Brasil não precisa disso. Mas isso não significa que ele seja tão compreensivo em relação ao custo de capital porque isso impede que o Brasil saia dessa situação em que se encontra”, pregou.
O presidente em exercício ressaltou que só no primeiro semestre deste ano o Brasil gastou mais de 12% do Produto Interno Bruto (PIB) com juros. Apesar de ter obtido superávit primário superior a 6% do PIB neste período, essa economia, segundo ele, foi suficiente para pagar apenas metade das despesas com juros. Ou seja, a dívida do País aumentou, destacou. “Estamos transferindo através dessas taxas despropositadas um absurdo e depauperando a nossa economia.”
Segundo ele, empresas de países que competem com o Brasil no mercado mundial pagam juros na casa de um vigésimo a um décimo do que pagam as emrpesas brasileiras. “Isso não pode continuar”, afirmou. Depois, em rápida entrevista, Alencar voltou a falar sobre juros. “Precisamos colocar os custos de capital no Brasil, ou seja, os juros, em patamar de mercado internacional. Do contrário, estamos submetendo a economia brasileira a um tratamento desigual porque, enquanto a produção brasileira paga x de juros, a produção lá fora paga um décimo deste x.”