Juro pesado complica sonho da classe média

A Caixa Econômica Federal (CEF) reabriu ontem a linha de financiamento Carta de Crédito Caixa, suspensa desde agosto de 2001. A instituição vai disponibilizar R$ 500 milhões em recursos próprios para a modalidade, destinada ao financiamento da compra de imóveis novos e usados pela classe média. Mesmo que não haja correção do saldo devedor (o sistema utilizado é o SFI – Sistema Financeiro Imobiliário), o juro a ser aplicado – 13,7% ao ano mais TR – pode afastar os interessados.

No Paraná, segundo o gerente de mercado da Caixa em Curitiba, Álvaro Luiz Martins, ainda não existe estimativa do número de pessoas que devem optar pelo financiamento, nem o montante de recursos que deve vir para o Estado.

“Acreditamos que exista uma demanda represada que não nos procurou até agora porque esta linha de financiamento estava suspensa. Além disso, no final do ano as pessoas têm um pouco mais de recursos e querem trocar os imóveis”, analisa Martins. Não existe uma cota destinada à cada estado brasileiro. “A Caixa estima que é possível financiar até 10 mil unidades em todo o País. O ideal é que os interessados procurem uma das agências o quanto antes e busquem informações”, orienta ele.

Martins explica que estão aptos a aderir à linha de financiamento pessoas que tenham capacidade de pagamento – o valor da prestação não pode ser superior a 30% do salário do mutuário – e que ganhem acima de R$ 4,5 mil. Não há exigência sobre a renda máxima do futuro mutuário, nem limite para o valor do financiamento, que poderá ser pago em até 180 meses a uma taxa de 13,7% ao ano mais TR (Taxa Referencial). “Pelo sistema de amortização, na maioria dos casos as prestações são decrescentes. Não se corrige o saldo devedor”, explica. A linha prevê financiamento de até 60% do valor do imóvel.

Cuidado

O presidente da Associação Nacional do Mutuários no Paraná, Luiz Alberto Copetti, alerta que é preciso tomar uma série de cuidados antes de optar pelo financiamento do imóvel próprio. “As pessoas não devem assumir prestações que ultrapassem 15% da renda familiar líquida e devem procurar financiar o mínimo possível”, orienta, lembrando que a inadimplência na Caixa relativa a financiamento de imóveis é de quase 70%. “Com a economia instável e o risco de desemprego, a pessoa tem que tomar muito cuidado ao fazer financiamento a longo prazo.” A Associação dos Mutuários faz análise de contrato, orientação e recálculo das prestações gratuitamente.

FGTS

A Caixa retomou na semana passada a concessão de crédito por meio do programa Carta de Crédito FGTS – financiada com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. O programa estava suspenso em algumas regiões do País desde o final de setembro por falta de recursos.

O programa foi reaberto depois de o Conselho Curador do FGTS autorizar a Caixa a remanejar R$ 500 milhões de outras linhas de financiamento para a Carta de Crédito FGTS.

A Carta FGTS financia a compra de imóveis novos e usados avaliados em até R$ 72 mil para pessoas com renda máxima de R$ 2.400 (novos e usados) e de R$ 3.670 (novos ou em construção). Para quem ganha até R$ 4.500, o programa financia apenas a compra de imóveis novos/construção avaliados em até R$ 80 mil.

O prazo de pagamento é de 240 meses e os juros variam de 8,16% (renda até R$ 3.670) a 10,16% ao ano (renda até R$ 4.500) mais TR (taxa referencial).

Imóveis comerciais

A Carta de Crédito Caixa também vai financiar a compra ou construção de imóveis comerciais. Como no crédito para imóveis residenciais, não há limite para o valor do financiamento.

O prazo de pagamento é de 72 meses e a correção é de 18% ao ano mais TR (taxa referencial).

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Serviço: Maiores informações sobre a linha de crédito da Caixa: 0800- 550101, através do site www.caixa.gov.br ou em qualquer agência. Já a Associação dos Mutuários atende diariamente na Rua Saldanha Marinho, 738, Curitiba. Informações pelo fone (41) 233-5504.

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