Juro do cheque especial cai 26,5 pontos em 3 meses

A taxa de juros cobrada pela utilização de cheque especial caiu 4,8 pontos percentuais em outubro em relação a setembro, ficando em 147,4% ao ano. Trata-se da menor taxa desde junho de 2001, quando era de 147,1%. Segundo dados divulgados pelo Banco Central, somente nos últimos três meses a taxa do cheque especial registrou uma queda de 26,5 pontos percentuais. A queda acumulada no ano é de 16,5 pontos percentuais.

A exemplo do cheque especial, as demais taxas cobradas nas operações de crédito também vêm acompanhando a trajetória de queda da taxa básica de juros da economia, a Selic, que atingiu no início do ano um pico de 26,5% mas vem caindo desde junho.

A taxa média de juros caiu de 49,8% em setembro para 48,6% em outubro, uma redução de 1,2 ponto percentual. Os juros para pessoa física ficaram em 69,4% ao ano, e para pessoa jurídica, em 32,5% ao ano.

“Spread”

A queda dos juros bancários reflete quase que exclusivamente a redução na taxa de captação de dinheiro dos bancos no mercado, devido à redução da taxa básica de juros da economia brasileira. A taxa média de captação de recursos pelos bancos teve nova redução de 19,2% ao ano para 18,1%.

Já o “spread” bancário (diferença entre taxa cobrada pelos bancos e taxa de captação), que reflete em boa parte o lucro dos bancos, ficou praticamente estável em outubro, registrando apenas uma pequena queda de 0,1 ponto percentual, para 30,5% ao ano.

Crédito pessoal

As taxas para operações de crédito pessoal para pessoa física registraram queda de 0,6 ponto percentual no mês, atingindo 83,3% ao ano. A taxa média de juros para empréstimos de aquisição de bens ficou em 41,5% ao ano, queda de 1,6 ponto percentual em relação a setembro. Os financiamentos para compra de veículos tiveram taxa média de 37,3% ao ano, contra 38,8% ao ano do mês anterior.

Nas operações para pessoas jurídicas, houve alta de 5,7 pontos percentuais nas taxas para empréstimos de curtíssimo prazo, chamados de “hot money”. A taxa média de juros para essa modalidade de crédito subiu de 50% para 55,7% ao ano.

A conta garantida, que funciona como cheque especial da pessoa jurídica, teve taxa média de juros em outubro de 73,1%, contra os 75,4% ao ano cobrados em setembro. As operações de crédito para capital de giro tiveram taxa média de 38,4% ao ano, contra os 39,4% ao ano de setembro.

Redução será lenta e gradual

A queda dos juros bancários não deverá continuar ocorrendo de forma “tão pronunciada” nos próximos meses, segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes.

Segundo ele, a tendência a partir de agora é de quedas menores para os juros. Somente no último trimestre, a taxa de juros cobrada pelos bancos caiu 6,3%, sendo 5,2% para pessoa jurídica e 8,5% para pessoa física.

“Vamos continuar observando queda, os dados parciais de novembro continuam mostrando queda, mas essas quedas não serão tão pronunciadas assim”, disse Lopes referindo-se às reduções registradas nos últimos meses.

A expectativa do técnico reflete, na verdade, uma tendência que também pode ser atribuída à taxa básica de juros, a Selic, que não deverá sofrer fortes reduções após a queda de 9 pontos percentuais desde junho, quando iniciou essa trajetória.

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