Ipea aponta aumento da desigualdade de renda

São Paulo – A distribuição de renda piorou na última década em 66,3% dos municípios brasileiros, ou 3.654 cidades. Em outros 370 a desigualdade permaneceu inalterada e, em 1.483, houve queda. Na média geral do Brasil, a desigualdade de renda também aumentou na última década e o país já ocupa o sexto lugar entre os países com pior distribuição de renda.

Os dados constam do Atlas do Desenvolvimento Humano, divulgado ontem pelo Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) e Fundação João Pinheiro. Os três órgãos não divulgaram os países que teriam problemas de distribuição de renda mais profundos que o Brasil, informando apenas que são países “bem mais pobres”.

No Brasil, o índice que mede a desigualdade de renda subiu de 0,53 para 0,56 entre 1991 e 2000. Esse índice pode variar de 0 a 1, sendo 1 a desigualdade máxima.

Justificativas

De acordo com o documento divulgado ontem, a diminuição da renda per capita do município não serve como explicação para o aumento da desigualdade. Em Arco-Íris (SP), houve uma redução do índice de desigualdade de renda de 0,67 para 0,47 de 1991 para 2000. No entanto, nesse período, a renda per capita de seus habitantes também caiu de R$ 157,89 para R$ 156,67. Nesse caso, avalia o documento, “os mais ricos perderam mais do que os mais pobres”.

O exemplo oposto aconteceu em Jutaí (AM), que tornou-se a cidade com maior desigualdade de renda no Brasil, com o índice crescendo de 0,55 em 1991 para 0,82 em 2000. Nesse município, a renda per capita também caiu de R$ 74,41 para R$ 60,79 no mesmo período de comparação. As cidades que foram consideradas as com melhor distribuição de renda no Brasil foram Barra do Choça (BA) e Santa Maria do Herval (RS).

O diretor do Ipea, Ricardo Paes de Barros, afirmou que o crescimento é muito importante para reduzir a pobreza do país. No entanto, segundo ele, a falta do crescimento não impede que programas de saúde e educação tenham sucesso, o que pode melhorar o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de um país, a exemplo do que ocorreu no Brasil na última década.

Santa Catarina lidera o ranking

Um levantamento sobre o Índice de Desenvolvimento Humano nas 33 Regiões Metropolitanas (RMs) reconhecidas pelo IBGE, elaborado a partir de uma parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Fundação João Pinheiro, de Minas Gerais, mostra que as três primeiras RMs colocadas no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) ficam em Santa Catarina.

As áreas indicadas no estudo são os núcleos metropolitanos de Florianópolis, do Norte/Nordeste Catarinense e do Vale do Itajaí. Com um IDH-M de 0,86, a Grande Florianópolis tem o melhor desenvolvimento humano em todo o País, seguida pelos núcleos Norte/Nordeste (Joinville) e Vale do Itajaí (Blumenau), ambas com IDH-M de 0,85.

Das dez RMs melhor classificadas no ranking geral, seis ficam em Santa Catarina. O Estado aparece em segundo lugar entre as unidades da Federação, atrás do Distrito Federal. Dos “10 mais” no ranking das RMs, apenas Campinas (4.º lugar), Porto Alegre (7o lugar), São Paulo (8.º lugar) e Curitiba (10.º lugar) ficam em outros Estados.

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