IPC registra deflação de 0,16% em São Paulo

São Paulo – Se depender apenas do comportamento do índices de inflação, o Banco Central está numa posição confortável para reduzir os juros de agora em diante. Esta é a opinião do coordenador do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) da Fipe, Heron do Carmo. O IPC divulgado ontem registrou deflação de 0,16% e a Fipe reviu para baixo a inflação projetada para o ano, de 9% para 8,5%.

Segundo Carmo, é possível discutir agora a intensidade com que o Banco Central vai reduzir a taxa de juro básico da economia, a Selic, e diminuir o compulsório dos bancos, que está em 60%. Na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), a taxa Selic foi reduzida de 26,5% para 26% ao ano. Na avaliação de Heron do Carmo, o BC precisa reduzir a Selic para impedir que a taxa real de juros suba ainda mais.

– A questão é qual será a intensidade da trajetória de queda dos juros e da redução do compulsório dos bancos a ser adotada – disse ele.

O economista lembrou em junho, pela primeira vez, a inflação acumulada em doze meses apresentou redução. Nos últimos doze meses, o IPC acumula alta 14,22%, atrás apenas dos 17,84% registrados no segundo ano do plano Real, que foi 1995. A deflação de junho foi a décima terceira desde o início do real, em julho de 1994.

Heron explicou que a elevação das tarifas de telefonia já estavam computadas na previsão anterior de inflação na cidade de São Paulo e os custos do pedágio influenciam pouco o IPC, uma vez que grande parte da população viaja eventualmente. Por isso, ele reviu a inflação de julho para baixo, de 0,5% para 0,4%.

A deflação de junho foi puxada pelas quedas nos preços da gasolina (-0,68), do álcool (-0,16%). Entre os alimentos, os que mais contribuíram para a queda de 1,35% do grupo foram tomate (-26,5%), frango (-6,55%), feijão (-9,11%) e batata (-11,98%). O economista disse que as reduções nos preços dos alimentos estão vinculadas à redução da taxa de câmbio e à maior oferta de produtos no mercado, propiciada pela safra.

Entre os grupos pesquisados pela Fipe nos últimos 30 dias, destacam-se as variações dos Alimentos e Transportes, que registraram deflação de 1,35% e 0,95%, respectivamente. Os demais grupos, apresentaram as seguintes variações: Vestuário (1,09%), Saúde (0,81%) Habitação (0,47%), Despesas Pessoais (0,23%) e Educação (0,22%).

No ano, a inflação acumulada já é de 5,29%. A Fipe prevê alta de 9% e, 2003. Nos últimos 12 meses, os preços já avançaram 14,22%.

A Fipe calcula o IPC no município de São Paulo para as famílias com renda entre 1 e 20 salários mínimos.

IVC também apresentou queda

O ICV (Índice do Custo de Vida), medido pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-econômicos) mostrou deflação 0,26% em junho. Trata-se da menor variação desde novembro de 98, quando a queda da inflação foi de 0,34%. Em maio deste ano, a inflação havia subido 0,4%. A inflação acumulada no período entre junho de 2002 e junho de 2003, no entanto, ainda é alta: 17,28%.

A queda da inflação no mês passado foi provocada pela redução dos gastos com transporte (-2,6%), alimentação (-0,91%) e equipamentos domésticos (-0,1%).

Entre os alimentos que tiveram as maiores quedas de preços estão o tomate (-18,79%), abobrinha (-9,32%) e a cebola (-14,31%). O preço do arroz subiu 7,6%, mas o do feijão caiu 7,13%.

A queda no preço dos combustíveis também ajudou a reduzir a inflação. Houve queda de 12,48% do álcool e 3,82% da gasolina.

O vestuário foi o item que mais teve alta nos preços em junho. A alta foi de 0,99%. O motivo é a entrada das coleções de outono/inverno. Os calçados subiram 1,99% e as roupas, 0,50%.

O grupo de despesas com maior elevação foi do da saúde. Os gastos com assistência médica, por exemplo, subiram 1,45%. Os reajustes nos preços dos convênios médicos e exames de laboratório foram os que mais pesaram no bolso do consumidor.

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