Investimento na construção pesada caiu

Rio – A crise na economia da Argentina e o fato de 2002 ter sido um ano eleitoral no Brasil foram os dois fatores apontados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para justificar a redução dos investimentos do governo federal em obras públicas naquele ano.

A Pesquisa Anual da Indústria da Construção/2002 divulgada ontem pelo IBGE mostra uma queda de quase 10% nas contratações de empresas da construção pesada entre 1996 e 2002, sendo que os cortes mais significativos foram na manutenção das rodovias.

O gerente de Análise e Metodologia da Coordenação de Indústria do órgão, Alexandre Brandão, destacou que o racionamento de energia elétrica em 2001 retraiu a construção pesada por conta da paralisação em vários processos de licitação de hidrelétricas, estradas e outras obras do segmento de infra-estrutura. “Associado a este problema, o quadro externo não era favorável por causa da crise na Argentina e ainda sendo 2002 um ano de eleição, o governo restringe os investimentos”, explicou.

Para Brandão, os resultados de 2003 ainda não serão positivos, mas a pesquisa de 2004 já deve refletir a retomada dos investimentos do governo e também do setor privado.

Sem surpresas

O presidente do Conselho de Infra-Estrutura da Confederação Nacional da Indústria, José de Freitas Mascarenhas, disse que não se surpreendeu com os dados da pesquisa divulgada pelo IBGE. “Não foi nenhuma surpresa. Os investimentos em infra-estrutura foram reduzidos nos últimos anos, o que provocou desânimo e desconfiança nos empresários do setor”, afirmou.

Para Mascarenhas, as perspectivas de crescimento da economia são boas, mas até agora não há garantias de melhoras no setor de infra-estrutura. Ele destacou que sem infra-estrutura os empresários não terão condições de “dar saída” aos seus produtos, principalmente no que se refere às exportações.

Mascarenhas disse que o governo precisa investir mais, definir o marco regulatório para o setor de infra-estrutura e “passar segurança” para o empresariado.

Quanto ao projeto de Parcerias Público-Privadas, em tramitação no Congresso, que pode dar um incremento nos investimentos, ele afirmou que a medida ajuda, mas não é nenhuma “panacéia” que vá resolver todos os problemas do setor.

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