A China tem surpreendido o mundo com o salto de seus investimentos produtivos no exterior. Mas o Brasil parece fora desse movimento. A relação bilateral tem de fato se intensificado, só que, basicamente, no âmbito comercial. Enquanto os chineses absorvem cerca de 10% das exportações brasileiras, puxadas por soja e minério de ferro, o investimento direto em solo nacional é exíguo, apesar dos esforços de aproximação.

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Hoje, chega ao Brasil uma missão de 350 empresas chinesas de diversos setores, das quais 125 são potenciais investidoras tanto no setor produtivo quanto no financeiro, segundo a Apex, a agência oficial de promoção de exportações e investimentos. Entre elas estão a Beiqi Foton Motor (automóveis), Datang Capital (tecnologia da informação), Sinochem Group (petróleo) e o Agricultural Bank of China e Bank of Communications of Shanghai.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, as vendas para a Ásia (leia-se China) aumentaram 4,2% de janeiro a setembro deste ano, colocando a região na primeira posição de mercado comprador, superando a União Europeia (UE). Em 2008, a China comprou US$ 16,4 bilhões do Brasil.

Já em investimento direto, os últimos dados disponíveis do Banco Central mostram que a posição de estoque da China no Brasil não passava de US$ 238,7 milhões até abril, segundo levantamento do economista Luís Afonso Lima, presidente da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica.

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O valor real, na verdade, é uma incógnita, já que muitos dos recursos chineses que ingressam no Brasil podem vir por meio de terceiros países. Mas, mesmo que seja o dobro do que registra o BC, o valor é “irrisório”, para o secretário executivo do Conselho Empresarial Brasil-China, Rodrigo Maciel. “Apesar de ser relativamente nova no cenário, a China já tem perfil de investidor mundial.”

Em 2008, a China respondeu por 2,8% dos fluxos globais de investimentos diretos produtivos, que corresponde a US$ 52 bilhões, mais que o dobro do de 2007, segundo a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). O Brasil recebeu menos de US$ 38 milhões. Segundo Lima, o IED chinês ainda se concentra na Coreia do Sul, no Japão e Vietnã. Fora da Ásia, o foco é a África. “A China quer matérias primas para sustentar seu crescimento.”

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“O dado exato é difícil de obter”, concorda Márcia Nejaim, gerente-geral de Investimentos da Apex. “O que sabemos é que os investimentos no Brasil são pequenos, quando se compara com outros países.” O presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou a China mais de uma vez, assim como o presidente Hu Jintao veio ao Brasil. Mas quase nada se reverteu em investimento produtivo.

Uma exceção foi a Petrobras, que em outubro obteve um empréstimo de US$ 10 bilhões do China Development Bank. Também fez acordo com a Sinopec, gigante chinesa do petróleo, para cooperação nas áreas de exploração, refino, petroquímica e suprimento de bens e serviços para a indústria do petróleo. O empresário Eike Batista também está prestes a acertar sociedade entre a Wuhan Iron & Steel e a MMX Mineração e Metálicos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.