Investidores em fuga estufam a poupança

Brasília

(AG e agências) – O Banco Central divulgou ontem que a caderneta de poupança registrou em junho uma captação líquida de R$ 6,092 bilhões, contra os R$ 499 milhões, captados em maio. O resultado rendeu à caderneta de poupança a maior captação líquida mensal da história, desde que a poupança foi criada em 1966.

Com este desempenho, o saldo total das aplicações em poupança no país atingiu, em junho o volume de R$ 125,683 bilhões. Esse é um saldo bastante alto, já que o patrimônio, até maio, estava em R$ 119,626 bilhões. O nível mais baixo do patrimônio da poupança foi registrado em outubro de 2000, quando estava em R$ 108,200 bilhões. A captação líquida em junho foi resultado de depósitos de R$ 42,805 bilhões, menos retiradas de R$ 37,512 bilhões, mais rendimentos credenciados no período de R$ 799,233 milhões.

A explicação para este desempenho extraordinário da poupança é simples: a fuga de aplicadores em fundos de investimentos. O crescimento da aplicação em poupança coincidiu com o expressivo volume de saques ocorridos nos fundos de investimento, no mesmo período, por apresentarem queda de rentabilidade. Com a antecipação do prazo para a marcação a mercado exigida dos fundos, de setembro para 31 de maio, muitos investidores tiveram perdas em suas cotas e optaram por sacar seus recursos, nesse momento de maior volatilidade, e recorreram à tradicional caderneta de poupança.

A ausência dos mercados norte-americanos promoveu uma discreta recuperação da taxa de câmbio brasileira, sem que o Banco Central (BC) precisasse vender dólares no mercado à vista ou através de leilões de linhas externas. Nos últimos negócios do dia, o comercial era comprado a R$ 2,854 e vendido a R$ 2,856, em baixa de 0,31%.

A percepção do mercado é de que o BC deve optar primeiro pelos leilões de linhas externas, a exemplo do que fez anteontem, antes de atuar com a venda direta de moeda. Isso porque, segundo alguns operadores, nos leilões de linhas externas os dólares voltam para as reservas, ao passo que na venda direta não. Além disso, anteontem, a autoridade monetária deixou claro que entende que a maior demanda de bancos e empresas não é por hedge (proteção) e sim por dólares para remetê-los ao exterior, para pagamentos e amortizações de dívidas.

“Com essa percepção, é mais coerente por parte do BC realizar os leilões, mesmo que tenha que fazer a rolagem no futuro”, disse um profissional. Os leilões de troca de contratos de swap de câmbio propostos hoje pela autoridade monetária não deixam de ser uma forma de intervenção. Dentro da política adotada há algumas semanas, o BC propôs a troca de contratos de swap longos por papéis mais curtos, com resgate em outubro deste ano.

A Bovespa quebrou ontem o jejum e fechou a primeira alta do mês. Em um dia de poucos negócios devido ao fechamento do mercado americano, o Ibovespa terminou em leve alta de 0,18% aos 10.655 pontos. Sem a bússola de Wall Street, a Bolsa paulista operou ao sabor das operações das instituições locais.

O Ibovespa chegou a reduzir o ritmo de alta, virou e apontou leve queda de 0,05% aos 10.629 pontos. Mas logo se recuperou. O volume de negócios somou R$ 244,913 milhões, bem abaixo da média diária do mês passado (R$ 585,84 milhões).

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