Inflação medida pelo IGP bate novo recorde

Rio

– A inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) bateu novo recorde em novembro e subiu 5,84%, a maior variação do Plano Real. O indicador da Fundação Getúlio Vargas (FGV) já acumula no ano alta de 23,09%. Para o economista Salomão Quadros, que coordena o cálculo do índice, a alta representou o ápice da escalada inflacionária dos IGPs, iniciada em julho, e agora a tendência é de desaceleração das taxas, ainda que a redução do ritmo de reajustes venha a ser “moderada”.

A taxa de novembro sofreu forte impacto da alta do dólar mas a influência da moeda norte-americana já começa a ser residual. “A trajetória atual do dólar não está trazendo novos impactos ao IGP. A inflação, na verdade, está refletindo o movimento passado do dólar”, disse Quadros, referindo-se à intensa desvalorização do real ocorrida entre junho e setembro.

O argumento é de que vários produtos alimentícios diretamente vinculados ao câmbio, como trigo e soja, saíram do topo da lista de pressões do Índice de Preços do Atacado (IPA). Quadros ressaltou, porém, que “não é possível que a inflação despenque porque ainda há muita pressão”. Para o economista, o IGP-DI divulgado ontem é recorde do Plano Real, apesar da alta de 27,41% registrada em julho de 94. “Nesse caso, ainda havia influência muito forte do período de inflação alta, antes do real”, explicou.

A elevação do IGP-DI em novembro ante outubro (que registrou 4,21%) foi provocada por um salto em todos os indicadores que compõem a taxa, com destaque para o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DI), que passou de uma alta de 1,14% (outubro) para 3,14%. O resultado mostra que as altas que vinham sendo registradas no atacado chegaram com força ao varejo.

Os principais impactos para a alta dos preços ao consumidor foram dados pela gasolina (11,39%), álcool combustível (25,86%), pão francês (8,03%), gás de botijão (15,31%), eletricidade residencial (3,61%) e açúcar refinado (43,88%).

Apesar das pressões mais intensas, também nesse caso Quadros acredita que há indícios de desaceleração. O argumento são os resultados do núcleo da inflação (core inflation) do IPC-DI no mês.O núcleo, que elimina os 20% maiores e menores reajustes para afastar as variações que são pontuais e focar as que estão incorporadas a um novo nível de preços, registrou variação de 1,46% em novembro, a maior da série de núcleo da inflação da FGV, iniciada em janeiro de 1999.

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