Inflação maior e queda menor dos juros

O relatório de mercado divulgado ontem pelo Banco Central, a partir de pesquisas realizadas com as principais instituições financeiras do País, prevê que as recentes altas dos preços administrados – telefonia e energia elétrica – devem pressionar a inflação de julho e conter uma eventual queda na taxa de juros. A expectativa é de alta em todos os índices de inflação no período e de manutenção dos juros em julho e agosto.

Os analistas elevaram as estimativas do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), usado para monitorar as metas de inflação, de 0,90% para 0,95%, e do IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna), que regula os reajustes das tarifas públicas, para 1,01%. O mercado também espera aumento no IGP-M (Índice Geral de Preços ao Mercado), cuja projeção subiu de 1,05% para 1,10%.

Mais uma vez, o mercado descartou a possibilidade de o Copom (Comitê de Política Monetária) vir a reduzir os juros. Os analistas mantiveram a estimativa de que a taxa ficará em 16% ao ano na reunião que acontece nos próximos dias 20 e 21.

Para o mês de agosto, pela terceira semana consecutiva, se espera manutenção dos juros. Há quatro semanas, a projeção era de 15,75%.

A expectativa de que o Banco Central continuará se comportando de forma conservadora neste e no próximo mês tem influência de fatores internos e externos. No cenário doméstico, estão os recentes aumentos das tarifas públicas e dos alimentos – por conta das geadas e do frio que atingem algumas regiões. No cenário externo, pesa a crise no Iraque e os temores de novos ataques terroristas.

Na semana passada, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas) divulgou que o IPCA atingiu 0,71% em junho. Em maio, a taxa havia sido de 0,51%. A pressão veio dos medicamentos e dos alimentos em maio. Em junho, passou a ter impacto na inflação o reajuste dos combustíveis.

Otimismo

Até o final do ano, o Banco Central ainda deverá promover alguma redução na taxa básica de juros, segundo o relatório. Os analistas estimam uma Selic de 15,25%, menor que a atual, mas abaixo da projeção feita há quatro semanas, que era de 14,75%. E isso terá reflexos sobre os juros do ano que vem. Há quatro semanas, o mercado projetava taxa de 13,25% para 2005. Agora, espera Selic de 13,75%.

Os analistas, no entanto, reduziram as estimativas de inflação – com exceção do IGP-M – para o acumulado dos próximos 12 meses. A estimativa para o IPCA, que era de 6,48% na semana passada, caiu para 6,26%. O mesmo aconteceu com o IGP-DI, cuja projeção recuou de 7,45% para 6,72%, e com o IPC, da Fipe, que teve a estimativa revisada de 6,17% para 5,85%.

O IGP-M, calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), foi o único com a projeção elevada: de 6,75% para 6,86%. Até a semana passada, o mercado projetava queda nos preços monitorados por esse indicador, enquanto para os outros, a expectativa era de alta.

As projeções para o final do ano são de um IPCA de 7,05%, acima da meta de inflação, de 5,5%, mas dentro da margem de erro do governo, que é de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Já o IGP-DI deve encerrar 2004 apontando inflação de 11,05%. A estimativa do mercado para o IGP-M é de 11,12%.

A economia deve crescer 3,52% neste ano, a dívida líquida ficar em 57% do PIB (Produto Interno Bruto) e a balança comercial terminar o ano com superávit de US$ 28 bilhões.

Pela sexta vez, o mercado elevou a previsão do superávit em conta corrente, que deve somar US$ 5,69 bilhões em 2004. A estimativa anterior era de US$ 4,60 bilhões.

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