Inflação de 9,5% estoura meta de novo

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo, calculado pelo IBGE) deverá fechar o próximo ano em 9,5%. A previsão consta do relatório de inflação de dezembro, divulgado ontem pelo Banco Central. Se confirmada essa projeção, o Brasil estará, pelo terceiro ano consecutivo, estourando a meta de inflação estabelecida pelo governo apesar dos três aumentos nas taxas de juros promovidos pelo BC desde outubro para conter o avanço dos preços. No período, a taxa básica de juros da economia subiu de 18% para 25% ao ano.

No relatório de setembro, o BC estimava que o IPCA ao final de 2003 seria de 4,5%. “As principais causas do aumento na projeção para 2003 foram a deterioração das expectativas para o próximo ano e os efeitos, via inércia, da inflação prevista de 6,5% no quarto trimestre de 2002”, diz o documento do BC divulgado ontem.

A meta atual de inflação para 2003 é de 4% com intervalo de tolerância de 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Isso dá um teto máximo de 6,5% para o IPCA. No entanto, a meta negociada com o FMI (Fundo Monetário Internacional) é mais flexível. De acordo com a última revisão do programa com o Fundo, que tem metas até o final de setembro, a inflação poderá fechar 12 meses terminados no terceiro trimestre de 2003 em até 9,5%, pois o ponto central é de 7% com mais 2,5 pontos percentuais.

Para 2002, o BC está projetando que o IPCA vai fechar o ano em 12,4%, também acima do limite máximo da meta de governo e acima do teto acordado com o FMI. A meta de governo para este ano é de um IPCA de 3,5% com intervalo de 2 pontos percentuais para cima ou para baixo, ou seja, o teto de 5,5%. Com o FMI, a meta é mais flexível, de 8,5%, com 2,5 pontos percentuais para cima ou para baixo. Assim, o limite máximo seria de 11%.

Em 2001, o Brasil já estourou a meta de inflação que tinha um teto de 6% e o IPCA fechou o ano em 7,67%. Quando o país não cumpre a meta acertada com o FMI, extrapolando o limite máximo, é necessária uma consulta formal à diretoria do Fundo. Para 2003, o novo governo ainda terá chances de alterar a meta, se julgar necessário.

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