Inflação da caipirinha dá dor de cabeça ao paulistano

A disparada no preço do limão em agosto deixou mais amargo, para o bolso do morador de São Paulo, o consumo de uma das bebidas mais açucaradas do País. Para fazer uma caipirinha em casa, o paulistano está gastando, em média, 40% a mais na compra dos ingredientes, na comparação com o ano passado. Levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido da Agência Estado, mostra que a variação conjunta de preços de bebidas destiladas (aguardentes), açúcar e limão acumula alta de 43,55% nos 12 meses encerrados em agosto.

A “inflação da caipirinha” caseira em São Paulo também é a maior entre as cinco capitais pesquisadas pela FGV no levantamento. Para se ter uma ideia do peso da inflação nos produtos usados para a caipirinha, essa taxa é mais de dez vezes maior que inflação média no varejo em São Paulo para o mesmo período (4,69%).

Segundo o economista da FGV e responsável pelo levantamento, André Braz, houve um aumento significativo no preço do limão em agosto na capital paulista. Essa é a principal causa do encarecimento da caipirinha caseira na cidade. Braz afirma que, nos 12 meses até agosto, o limão no varejo acumula aumento de 72,28% em São Paulo. “O limão está em período de entressafra, e sua oferta é sempre menor nessa época do ano”, disse.

O aumento no preço do limão puxou para cima o custo da caipirinha caseira em todas as cinco cidades analisadas pela fundação. Braz comentou que o Rio de Janeiro teve a segunda maior taxa, com aumento de 36,38% nos preços do limão, do açúcar e da aguardente. Somente o limão subiu 53,53% na capital fluminense. Minas Gerais ocupa a terceira posição, com inflação de 35,08% em 12 meses até agosto nos preços dos produtos usados na caipirinha. Em seguida, aparecem Recife (33,84%) e Salvador (22,89%).

A boa notícia é que, segundo Braz, a disparada no preço do limão não deve continuar por muito tempo. “O comportamento de preço deste produto é muito volátil”, disse, acrescentando que o aumento do item foi concentrado em agosto. “O preço do limão deve cair até o final do ano.”

Embora o limão tenha sido o principal motivo para a caipirinha estar mais cara nas capitais, o preço do açúcar pode ter contribuído para o resultado. Na semana passada, a FGV já tinha alertado para a disparada nos preços do produto no atacado. Em 12 meses até agosto, o açúcar acumulou alta de 48,49% no setor atacadista, sendo que parte dessa elevação já foi repassada para o varejo, de acordo com a FGV.