Indústrias fazem do Paraná um centro de logística

O Paraná ganhará em junho mais uma empresa de logística, confirmando o crescimento do setor no Estado, em decorrência do processo de industrialização promovido pelo governo do Estado. No mês que vem, a Gefco, empresa de transporte e logística do grupo francês PSA (dono das montadoras Peugeot e Citroën), vai inaugurar uma central de recepção e distribuição de mercadorias em São José dos Pinhais. “O Paraná foi escolhido porque tem clientes potenciais e pela posição estratégica para atuarmos em toda a região Sul”, afirma o diretor-geral da Gefco, Jean Noel Gerard.

Entre as empresas do Estado que já trabalham com a Gefco destacam-se 12 fornecedores da fábrica da Peugeot-Citroën no Rio de Janeiro, entre os quais a Koyo (de direção hidráulica), Renault (fabricante de motores), Sofedit (de pedal para veículos) e a Manuli Auto do Brasil (de radiadores), todas atraídas ao Estado dentro do programa de industrialização do governo Jaime Lerner.

A nova agência da Gefco ficará em um armazém de 2.500 metros quadrados, a 500 metros do Aeroporto Afonso Pena. A unidade vai funcionar como um entreposto para distribuição de mercadorias pelo Sul do País, como núcleo de auxílio ao departamento de comércio exterior, assim como uma filial para prospecção de novos negócios na região.

Clientes da Gefco em São Paulo que já distribuem produtos para a região Sul, como a Top Leather, de couro, e mesmo empresas atendidas pela Gefco no Paraná vão poder contar com um armazém para consolidação de suas mercadorias na região.

Em 2001, a Gefco faturou R$ 32 milhões e a previsão para este ano é de R$ 65 milhões. Além de ampliar os negócios com indústrias do setor automobilístico da Região Metropolitana de Curitiba, a intenção é conseguir fornecedores de outros tipos de produtos.

Transportes

Se a Peugeot-Citröen investe na própria logística, a Renault não fica para trás. Em junho, a empresa começa a construir um armazém de peças de reposição também em São José dos Pinhais. Com 5 mil metros quadrados, o armazém será responsável pela distribuição de peças dos veículos Renault e Nissan para todo o Brasil e Mercosul.

A transformação do perfil econômico do Estado também provoca uma intensa modernização no setor de transportes. “A maioria das duas mil transportadoras do Paraná passou a oferecer a seus clientes, de alguma forma, operações de logística, deixando de fazer apenas o transporte básico”, diz Carlos Alberto Mira, presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog). “Juntamente com o início da industrialização do Paraná, em 1995, percebemos um nítido e intenso movimento no mercado de logística do Estado. Foi um movimento que veio a reboque da expansão industrial.”

A própria Associação Brasileira de Logística desembarca em breve no Estado. Ainda em junho, a Aslog, com sede em São Paulo, deve inaugurar um escritório regional em Curitiba. “O mercado já exige nossa presença física no Paraná”, afirma Mira.

O movimento tem sido tão forte que Mira acredita que o Paraná já responda hoje por 25% das atividades de logísticas no País. “A operação completa de logística em si ainda é um fato recente no Brasil, por isso é arriscado falar em números e valores”, diz ele. “Mas o grande diferencial do Paraná é que sua industrialização começou moderna, com empresas que se instalaram já com a mentalidade de terceirização de atividades não diretamente relacionadas com o seu foco de atuação.”

Ampliação

Enquanto empresas especializadas em prestação de serviços de armazenagem, transporte e distribuição de produtos e matérias-primas para grandes indústrias começam a entrar no mercado paranaense, companhias locais tratam de ampliar a capacidade de operação.

Um exemplo é a norte-americana McLane, que se instalou no Paraná há quatro anos. Com uma unidade pequena no bairro Atuba, a McLane começou armazenando tabaco para a Philip Morris. Depois que a Kraft Foods, do grupo Philip Morris, dona da Lacta, montou uma fábrica em Curitiba, a McLane teve que ampliar rapidamente sua estrutura para atuar no setor alimentício e atender à nova indústria.

Em 1999, a empresa mudou-se para uma sede dez vezes maior, com 36 mil metros quadrados, na Cidade Industrial de Curitiba, com um investimento de R$ 10 milhões. “Tanto a vinda ao Paraná, quanto a ampliação da McLane estão diretamente ligadas ao processo de industrialização, que abriu as portas para o ramo logístico de forma extraordinária”, afirma o gerente-geral da empresa, Rudinei Antonio Maciel.

A empresa tinha antes 50 funcionários. Hoje, tem 85 empregados diretos e gera mais 25 vagas indiretas. O faturamento também cresceu, passando de R$ 2 milhões, em 1998, para R$ 10 milhões, em 2001.

Outro bom exemplo é o investimento da Companhia Brasileira de Logística (CBL), no Porto de Paranaguá. A empresa aplicou cerca de R$ 6 milhões para modernizar e ampliar os seus armazéns, instalados junto ao Corredor de Exportação – por onde são movimentados os produtos da safra agrícola.

Com a ampliação, a CBL vai poder atuar com a “segregação” de produtos. Ou seja, mercadorias controladas desde a origem até o embarque nos navios terão movimentação separada das demais. Um exemplo são produtos com certificação de qualidade, que ficam estocados em armazéns inspecionados e aprovados pelos controladores de qualidade.

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