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Foto: Arquivo/Agência Brasil

Paulo Mol, da CNI: crescimento nas horas trabalhadas.

Os indicadores industriais de setembro apresentaram um quadro favorável para a atividade do setor. Segundo dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), as vendas reais da indústria de transformação cresceram 1,82% em setembro em relação a agosto em termos dessazonalizados. Na comparação com setembro de 2005, houve avanço de 4,06%. No acumulado do ano, as vendas reais apresentam um aumento de 0,38% na comparação com janeiro a setembro de 2005.

A utilização da capacidade instalada na indústria foi de 81,9% em setembro, também em termos dessazonalizados. O indicador ficou praticamente estável ante agosto de 2006, quando foi de 81,8%, e apresentou expansão em relação a setembro de 2005, quando o indicador havia ficado em 80,8%.

O número de empregos industriais subiu 0,24% em setembro na comparação com agosto, também após ajuste sazonal, e 2,68% em relação a setembro de 2005. No ano, o número de empregos gerados subiu 1,73%.

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De acordo com a CNI, ?a novidade no terceiro trimestre foi a intensificação do ritmo de crescimento das vendas na indústria?. As vendas reais cresceram 1,90% no terceiro trimestre em relação ao segundo trimestre, também em termos dessazonalizados. A entidade destaca que o ritmo de expansão foi mais de duas vezes superior ao verificado no segundo trimestre, que foi de 0,87% ante o primeiro trimestre. Este é o quarto trimestre consecutivo de crescimento das vendas.

A CNI, no entanto, ressalta que o avanço poderia ter sido ainda maior, não fosse a valorização do real limitar o faturamento das empresas exportadoras. As vendas representam um indicador do faturamento das empresas.

Horas trabalhadas

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Assim como as vendas na indústria se intensificaram no terceiro trimestre do ano, as horas trabalhadas na produção também tiveram um forte crescimento.

O economista da CNI Paulo Mol informou que o crescimento das horas trabalhadas, no terceiro trimestre, foi de 1,51% em relação ao segundo trimestre deste ano, o que demonstra uma recuperação desse indicador. No segundo trimestre já havia ocorrido um avanço de 1,83%, na comparação com o primeiro trimestre, após três trimestres de queda consecutiva. O importante, na opinião de Mol, é que o indicador de horas trabalhadas, que sinaliza o ritmo da produção industrial, tem crescido sem pressionar o uso da capacidade instalada da indústria de transformação.

Em termos dessazonalizados, a utilização da capacidade instalada ficou em 81,8% no terceiro trimestre, mostrando estabilidade em relação aos trimestres anteriores. No primeiro e no segundo trimestres deste ano, a utilização da capacidade instalada ficou em 81,6%. ?A instabilidade na capacidade instalada dá uma sinalização de que houve maturação de investimentos e aumento da produtividade da indústria?, avaliou Mol.

Segundo Mol, o crescimento dos indicadores industriais não é uma radiografia da indústria como um todo. Ele explicou que o avanço é muito heterogêneo. Enquanto vários setores têm apresentado crescimento, outros vem registrando queda nos indicadores. ?O indicador médio esconde essa heterogeneidade da indústria brasileira?, ressaltou.

Câmbio

O gerente-executivo da área de pesquisa da CNI, Renato da Fonseca, disse que os setores afetados pelo câmbio valorizado enfrentam problema de competitividade, além do fato de o crescimento ainda não ter alcançado as pequenas e médias empresas. Ele, no entanto, estima que a indústria continuará crescendo no quarto trimestre deste ano. Mol alertou, no entanto, que para o país continuar avançando, sem provocar pressão inflacionária, é preciso que o setor privado volte a investir em um ritmo mais forte. ?Se não, corremos o risco de passar mais uma década de crescimento pífio?, afirmou Fonseca.

O economista Paulo Mol disse que um levantamento feito por ele mostra que de 1996 a 2005 o Brasil teve um crescimento médio de 2,2% ao ano e o PIB per capita cresceu apenas 0,7%, nos últimos 10 anos. ?Se continuarmos nesse ritmo, o Brasil vai demorar 100 anos para conseguir dobrar a sua renda per capita e atingir níveis como os de hoje da Coréia e de Portugal.?

No Paraná, queda no desempenho foi de 6,80%

As vendas da indústria paranaense registraram queda de 6,80% no mês de setembro em comparação a agosto, de acordo com a pesquisa Indicadores Conjunturais, do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), divulgada nesta segunda-feira (6). A redução se deve ao declínio de atividade observado em dez dos 18 gêneros pesquisados e reflete a expectativa pouco otimista em relação aos próximos meses.

?Apenas nos momentos de desaceleração econômica foram verificadas reduções no mês de setembro?, diz o boletim divulgado. Nos mesmos meses de 2005 e 2004, as quedas registradas foram de 5,24% e 1,06%. De acordo com análise do Departamento Econômico da Fiep, a redução, justamente no período do ano (julho a outubro) em que se verificam historicamente os maiores níveis de atividade industrial do Paraná, sinaliza o desempenho que a indústria do Paraná deverá ter a médio prazo.

Apesar da queda em setembro, o resultado acumulado pelo Paraná nos primeiros nove meses deste ano, em comparação a igual período do ano anterior, registrou um aumento de 4,43% nas vendas reais, ficando 0,10 ponto percentual abaixo dos 4,53% registrados no acumulado do ano até o mês de agosto.

Resultados

Os três gêneros de maior participação relativa na indústria paranaense apresentaram queda de vendas em setembro: Material de Transporte, (-14,69%), Produtos Alimentares (-7,31%) e Química (-6,43%). O declínio é ainda maior em função do crescimento expressivo registrado em agosto por Material de Transportes e Química (que detêm a segunda e terceira maiores participações relativas nas vendas), respectivamente 22,13% e 24,53%. O gênero Produtos Alimentares, o de maior peso relativo, apresentou redução devido ao baixo volume exportado.

Analisando o desempenho por destino, também comparado a agosto, o desempenho da indústria aponta queda nas vendas no Paraná (-4.58%), nas vendas para outros estados (-4.67%) e nas vendas para o exterior (-15.29%).

As compras de insumos também apresentaram queda sazonal de 10,77% em setembro, após aumento de 12,13% registrados em agosto. O que, de acordo com a pesquisa, evidencia ajuste na programação de produção, visando evitar excesso de estoques em um momento de expectativa pouco otimista para os próximos meses.

Com relação ao nível de emprego, a metade dos dezoito gêneros pesquisados alcançou resultados positivos, com aumento de 0,22%. O resultado acumulado de janeiro a setembro de 2006 contra igual período de 2005 apresenta redução de 3,57% em total de pessoal empregado e de 5,12% em empregos ligados diretamente à produção.