Indústria tem o pior índice de venda em 8 anos

Rio

– A indústria registrou em março a pior queda mensal em termos de vendas nos últimos oito anos, conforme dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Segundo a CNI, as vendas reais dessazonalizadas (descontadas os efeitos da inflação e desconsiderados os feriados de Carnaval) registraram queda de 11,82% em relação a fevereiro. “Mesmo considerado que esse número está exagerado por questões metodológicas devido aos feriados de Carnaval, a queda foi muito elevada”, observou o economista da CNI, Flávio Castelo Branco.

A entidade divulga esse indicador, com ajuste sazonal, desde 1995. Em relação a março de 2002, as vendas ficaram estáveis (aumento de 0,04%) e o acumulado no trimestre registra aumento de 4,57%. Castelo Branco considera o comportamento “coerente” com as medidas adotadas pelo Banco Central, que elevou os juros da taxa Selic para 26,5% ao ano, além do aumento dos recolhimentos compulsórios sobre os depósitos bancários, que reduziu a disponibilidade de crédito.

“Todos os indicadores referentes a março reforçam a indicação de desaquecimento da indústria”, comentou o técnico da CNI. Ele observou que a utilização da capacidade instalada, por exemplo, caiu para 79,8% em março, registrando a quinta queda consecutiva, desde outubro de 2002, quando estava em 81,5%. “Desde que o Banco Central começou a aumentar os juros, a taxa de ocupação na indústria caiu”, comentou.

Além disso, as horas trabalhadas na indústria em março ficaram 4,05% abaixo do nível registrado em fevereiro. No trimestre, esse indicador registrou aumento de 1,69% (em relação ao mesmo período de 2002), enquanto os salários líquidos reais caíram 7,74% no mês e 6,66% no acumulado no trimestre. Apenas o nível de emprego apresentou resultados melhores, na pesquisa da CNI, com aumento de 0,07% em relação a fevereiro e 1,18% no acumulado do ano. “As indústrias parecem estar fazendo o reajuste através da redução dos salários e menos pelas demissões que têm custos elevados”, comentou Castelo Branco.

Na avaliação da CNI, “se nada for alterado”, é pouco provável que o País encerre 2003 com o Produto Interno Bruto (PIB) registrando aumento de 2,5%, como prevê o governo.

Voltar ao topo