Indústria reduz demanda por eletricidade no País

O consumo de eletricidade no Brasil cresceu em setembro, puxado pelo comércio e pelas residências, mas a crise financeira internacional já levou a uma retração na demanda pela indústria. É o que mostra a resenha mensal do mercado de energia elétrica divulgada nesta segunda-feira (27) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

O consumo total cresceu 4,8% em setembro de 2008 ante igual mês de 2007, para 33,362 mil gigawatts-hora (Gwh). Segundo a EPE, ligada ao Ministério de Minas e Energia, o consumo de energia verificado no País no mês passado é recorde no ano. No acumulado de 2008 até setembro, contra o mesmo período de 2007, a expansão das vendas de energia foi de 4,3%, para 292,9 mil GWh. Em doze meses, a alta apurada pela EPE foi de 4,8%, para 390,4 mil GWh.

Apesar do consumo recorde, a EPE já identificou sinais de retração das vendas industriais. Pela primeira vez no ano, a demanda registrou queda. Em setembro, o consumo no setor industrial caiu 1,07% ante agosto deste ano, para 15,597 mil GWh. De acordo com a EPE, a taxa de crescimento no consumo industrial no acumulado de 12 meses encerrado em setembro foi de 4,6%, a menor do ano. “Pode-se perceber nessas estatísticas os primeiros sinais de arrefecimento do ritmo da produção industrial”, comentou a autarquia. Para a EPE, isso está relacionado à crise internacional, ainda que ela não tenha se refletido na totalidade da demanda por eletricidade.

Nas outras classes, o consumo residencial cresceu 4,9% em setembro de 2008 contra igual intervalo de 2007, para 7,817 mil GWh. No mesmo período, as vendas para o comércio aumentaram 6,8%, para 5,114 mil GWh. Segundo a EPE, a forte alta na demanda comercial “não pode ser generalizada para os próximos meses, dependendo de como evoluam os desdobramentos da crise financeira internacional”.

Em razão da crise, a EPE revisou a sua projeção do consumo de eletricidade para 2008 no Brasil. Anteriormente, a autarquia previa uma expansão de 4,8% para este ano, alcançando 396,5 mil GWh. A nova estimativa é de crescimento de 3,8%, para 392,9 mil GWh. “Fatores associados à crise financeira internacional, como as restrições ao crédito que já se fazem sentir, devem repercutir na produção industrial e conseqüentemente no consumo de energia”, disse a EPE, na resenha mensal.