Indústria paranaense vendeu bem em março

O Paraná fechou o mês de março com crescimento de 14,15% nas vendas industriais; índice bem acima do registrado no mês anterior, quando as vendas caíram 6,10%. Dos 18 gêneros pesquisados, 16 apresentaram resultados positivos. A alta no mês foi puxada pelo setor de vestuário, calçados e artefatos de tecidos (129,38%), produtos farmacêuticos e veterinários (63,31%) e material elétrico e de comunicações (48,40%). Os dados fazem parte da Análise Conjuntural, divulgada ontem pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep).

De janeiro a março, o crescimento foi de 3,5% – índice significativo considerando que em 2003 as vendas da indústria caíram 12,1%. Para a Fiep, dois fatores influenciaram o resultado do trimestre: as exportações e a redução dos juros nominais – apesar de ainda estarem em patamares elevados, as taxas são as mais baixas desde 2001, lembra a Fiep. “O efeito da mudança da taxa de juros demora cerca de quatro meses para ser notado”, explica o coordenador do Departamento Econômico da Fiep, Maurílio Schmidt.

Para o presidente da Fiep, Rodrigo Rocha Loures, a estabilização da taxa Selic está refletindo também na curva de vendas, “que não cai mas também não sobe”. “Estamos restringindo nosso potencial de crescimento, tanto pela questão dos juros como pela carga tributária, especialmente por conta da Cofins. É um samba do crioulo doido”, criticou Schmidt.

No trimestre, os setores que puxaram o crescimento foram material elétrico e de comunicações (79,20%) – que atua por encomendas -, bebidas (41,65%) – especialmente por conta dos sucos naturais e exportação de suco de laranja – e perfumaria, sabões e velas (40,59%) – puxada pelo aumento de estoque de perfume para o Dia das Mães. Na outra ponta, registraram queda as vendas de vestuário, calçados e artefatos de tecidos (-36,21%), química (-24,92%) e produtos farmacêuticos e veterinários (-16,41%).

Compras

Em relação às compras de insumos, os números são controversos. Enquanto no trimestre houve queda (-5,2%), em março a variação foi positiva em 19,85%. O motivo da alta no mês, especialmente de insumos do exterior (alta de 24,47%), segundo Schmidt, se deve ao processo de antecipação de compras para fugir da alta do PIS e Cofins, que passaram a vigorar no dia 1º de maio sobre produtos importados. “No balanço de abril, deve acontecer o mesmo fenômeno”, prevê.

Os gêneros que tiveram maior aumento de compras no trimestre foram material elétrico e de comunicações (40,88%), mobiliário (36,92%) e perfumaria, sabões e velas (27,66%). Os que apresentaram queda foram química (-36,21%), produtos farmacêuticos e veterinários (-31,35%) e vestuário, calçados e artefatos de tecidos (-26,31%).

Em relação ao nível de emprego, no trimestre houve redução de 0,39% das vagas nas indústrias do Paraná. Em março, o aumento foi de 3,23%, correspondendo a quase 11,6 mil novas vagas. Já os salários tiveram queda de 2,79%. No Paraná, a ociosidade das indústrias é de 23%.

Cai índice de confiança

O empresário industrial paranaense está vendo com maior desconfiança a economia e os negócios, segundo pesquisa coordenada em nível nacional pela Confederação Nacional das Indústrias (CNI). O levantamento mostra que no primeiro trimestre deste ano, o índice de confiança entre os industriais paranaenses era de 57,5 pontos – em uma escala de 0 a 100: índice inferior ao registrado no fim do ano passado, quando era de 62,9 pontos.

Apesar da queda, o industrial paranaense vê a economia com mais confiança do que a média dos brasileiros, cujo índice foi de 56,3 pontos. O dado é calculado a partir de outros dois índices: o de condições atuais e de expectativas.

A maior desconfiança, segundo os dados da Fiep, está entre as pequenas e médias empresas, que registraram 55,2 pontos. Já nas grandes corporações, o índice ficou em 63,3 pontos. “As empresas maiores têm capacidade de administrar melhor os recursos, têm controle sobre o mercado, pode mudar se for o caso. Já as pequenas não contam com esta muleta (exportação) para compensar a redução de vendas internas”, explica Maurílio Schmidt, do Departamento Econômico da Fiep.

A pesquisa foi realizada junto a 78 pequenas e médias empresas locais e 11 grandes.

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