O preço da energia paga pela indústria atingirá, em 2015, o dobro do valor desembolsado no início de 2013, após o governo federal adotar um plano para reduzir o custo da energia em até 30%. As estimativas são da federação das indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) e apontam que o preço médio da energia atingirá R$ 518,7/MWh em 2015, o que representa uma expansão de 97,1% em relação a janeiro de 2013. O número apresentado leva em consideração o valor pago por indústrias no mercado cativo e ainda não inclui potenciais novos reajustes a serem implementados no decorrer do ano.

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“Falamos de um aumento de quase 100% em relação ao período imediatamente após a MP e, quando consideramos o período anterior à MP, um aumento de 56%”, compara o executivo da área de Competitividade Industrial e Investimentos do Sistema Firjan, Cristiano Prado. A MP citada por ele é a medida provisória 579, elaborada no final de 2012, texto que tinha como objetivo reduzir o custo da energia no Brasil.

Desde então, porém, os preços estão em elevação. Entre 2013 e 2014, o custo da energia paga pela indústria cresceu 23,2%, número que será seguido por um reajuste de 43,6 entre 2014 e 2015. “Esse número considera apenas o pagamento de empréstimos, a retirada de subsídios, a adoção da bandeira tarifária, o reajuste da bandeira tarifária e mais a correção pelo IGP-M nos contratos das distribuidoras”, pontua Prado.

A conta não considera, portanto, os reajustes anuais regulares das distribuidoras, além da correção pela inflação, tampouco eventuais pedidos de reajustes extraordinários por parte das empresas. Tais aumentos levarão o reajuste no custo de energia para a indústria a mais de 50% em 2015, segundo o representante da Firjan. “A indústria está ficando desesperada”, sintetizou. “A situação não é boa hoje e, até agora, não conseguimos enxergar qualquer previsão de melhoria para o futuro”, complementou o especialista, que participa hoje do Fórum de Comercialização de Energia: Outlook 2015, promovido pela Blue Ocean, em São Paulo.

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O custo da energia está em elevação em função da falta de chuvas e da necessidade de acionamento das térmicas durante praticamente todo o ano. A alta dos custos da energia provocou um descasamento de caixa das distribuidoras, que necessitam de R$ 17,8 bilhões em empréstimos para honrar compromissos de compra de energia. Esse valor será pago a partir de reajustes mais elevados nas tarifas cobradas pelas distribuidoras. Um terceiro empréstimo deve ser definido nas próximas semanas.

O preço mais alto também tem origem na decisão do governo federal de interromper aportes na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e de adotar a bandeira tarifária, um sistema que prevê o pagamento de um valor adicional sempre o custo de geração e energia estiver elevado. O sistema, previsto para entrar em operação em janeiro de 2014, foi adotado apenas no início deste ano e, em menos de dois meses, o governo já sinaliza que reajustará o valor do adicional previsto nos cenários de bandeiras amarela e vermelha.

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Agora, a expectativa é de que uma nova elevação do custo da energia ocorra em função da decisão do governo de autorizar as distribuidoras a solicitarem reajustes extraordinários. Tais aumentos devem entrar em vigor já no mês de março. Esse aumento seria complementar aos reajustes regulares das tarifas das distribuidoras, os quais respeitam o cronograma de cada empresa.