Indústria deve puxar expansão do PIB

Foto: Arquivo/O Estado
Armando Monteiro, da CNI.

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou para cima as projeções para o desempenho da economia brasileira em 2006. Os sinais de recuperação da atividade econômica indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) do País crescerá 3,7%, impulsionado por uma expansão de 5% da indústria. No final do ano passado, a estimativa era de que o PIB cresceria 3,3% e, a indústria, 4,2%, destaca o boletim Informe Conjuntural, divulgado ontem pela CNI.

?A redução dos juros, as boas condições de crédito, o aumento do emprego e da renda dos trabalhadores aumenta o consumo, estimulando o crescimento?, afirma o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Ele lembra que, apesar da melhora no cenário, o ritmo de expansão da economia brasileira será inferior à média de 6% prevista para os países emergentes pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com o boletim Informe Conjuntural, ao contrário do que ocorreu nos anos anteriores, quando as exportações foram o motor da atividade, o crescimento de 2006 será sustentado pelo mercado interno. A CNI estima que o consumo das famílias aumentará 4,5%, mais do que os 3,2% previstos no final de 2005, embalado pela queda dos juros e o aumento da renda.

A redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP), que caiu para 8,15% ao ano, em março, e a expectativa de maior dinamismo da atividade industrial estimulam os investimentos das empresas. Por isso, a CNI elevou para 8,2% a previsão de expansão dos investimentos. No final do ano passado, a estimativa era de que os investimentos teriam um acréscimo de 6,5%. ?As empresas estão retomando os investimentos, o que ajudará a sustentar o crescimento econômico?, diz Castelo Branco.

Balança comercial

A Confederação Nacional da Indústria também revisou as estimativas para a balança comercial brasileira. Com a expansão do consumo interno e a desvalorização do dólar frente ao real, as importações fecharão o ano em US$ 89 bilhões e as exportações atingirão US$ 130 bilhões. Assim, o saldo positivo da balança comercial somará US$ 41 bilhões. No final do ano passado, a estimativa para o superávit comercial era de US$ 43,5 bilhões, com exportações de US$ 130 bilhões e importações de US$ 86,5 bilhões.

O Informe Conjuntural destaca, ainda, que o ritmo de crescimento das importações é maior do que o das exportações. ?No primeiro trimestre de 2006, as importações totalizaram US$ 20 bilhões, valor 24% superior ao registrado no primeiro trimestre de 2005?, cita o documento. No mesmo período, as exportações tiveram um crescimento de 20,2% e somaram US$ 29,4 bilhões.

Conforme o estudo, grande parte do incremento das vendas externas é resultado da elevação de 12,1% nos preços médios dos produtos exportados pelo Brasil no mercado internacional. Os preços do minério de ferro, os produtos metalúrgicos, os derivados do petróleo, açúcar e café subiram mais de 25% no primeiro bimestre deste ano em relação a igual período de 2005. Os ganhos de preço foram responsáveis por 63% da elevação do valor exportado entre janeiro e março de 2006.

Em contrapartida, o ritmo de expansão do volume exportado diminuiu. No primeiro trimestre, o volume cresceu 7,2% em relação ao mesmo período de 2005, quase metade dos 13,3% registrados nos mesmos meses de 2005 e 2004. ?A redução do ritmo de crescimento do quantum exportado é, em grande medida, resultado da queda da rentabilidade das exportações, fruto da desvalorização do real?, diz o Informe Conjuntural. Segundo o estudo, a rentabilidade das exportações caiu 25,6% entre 2003 e 2005. Entre março de 2006 e de 2005, o índice de rentabilidade das vendas externas recuou 8,9%.

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