Indústria de velas pode entrar em crise

A falta de parafina, principal matéria-prima para a produção de velas, provocou uma crise no setor no Brasil. O produto, que é fornecido exclusivamente pela Petrobras, não está sendo entregue regularmente desde dezembro, o que fez com que muitas empresas veleiras reduzissem ou paralisassem a produção. O País concentra cerca de 700 empresas de velas, que consumem 60 mil toneladas de parafina por ano, o que representa US$ 350 milhões anuais.

O problema ocorreu porque a Petrobras parou para manutenção as duas únicas refinarias – Duque de Caxias (Reduc) no Rio de Janeiro e Landulfo Alves (Relan) na Bahia – que produzem parafina no País. Como o retorno das atividades não ocorreu dentro do tempo programado, o mercado ficou desabastecido. De acordo com diretor da Associação Brasileira dos Fabricantes de Velas (Abrafave) e representante da empresa Allanjo Indústria e Comércio de Velas, Ciro Carmo da Silveira a Petrobras também não buscou parafina no mercado internacional, e como ela não possui estoque regulador, a situação ficou complicada.

?Muitas fábricas estão trabalhando com apenas 50% de sua capacidade, e outras deram férias coletivas para não demitir os funcionários, uma vez que o setor veleiro consome 60% de toda parafina produzida no País?, disse Silveira. Aliado ao problema da falta do produto, a distribuição da parafina não ocorre de forma igualitária. Segundo o diretor da Abrafave a Petrobras repassa a parafina para cinco distribuidoras que revendem o material para as fábricas de todo o Brasil. No entanto, duas das cinco distribuidoras também são produtoras de velas, que acabaram vendendo somente o excedente do material.

?Além de vender somente o excedente ainda selecionam os clientes que pagam mais, pois além da produção de velas, a parafina também é utilizada por mercados como da indústria têxtil, de móveis, tintas, material escolar e alimentícia. Com isso o ágio em cima do produto gira em torno de 35%?, falou. O sócio gerente da Guanabara Indústrias Químicas Ltda, José Wlodkovski, que possui fábricas em Curitiba, São José dos Pinhais e Salvador, e que é um dos distribuidores do produto, não confirmou a cobrança de ágio. No entanto, admitiu que a crise da parafina não chegou a representar tantos reflexos na produção. ?Nessa época do ano existe uma queda normal de 30% no faturamento, e com essa situação registramos outros 10%?, falou.

Petrobras promete que vai melhorar a distribuição

Durante reunião com empresários do setor veleiro, na semana passada, representantes da Petrobras admitiram que não sabiam da crise, já que vinham repassando o material para as distribuidoras. Segundo o diretor da Associação Brasileira dos Fabricantes de Velas (Abrafave) Ciro Carmo da Silveira, a empresa se comprometeu em reunir as distribuidoras e solicitar maior atenção no atendimento dos veleiros. ?Eles se comprometeram em encontrar algum meio para isso, caso contrário ficaremos reféns de um mercado que paga mais?, ponderou Silveira.

A Petrobras prometeu ainda acelerar a retomada de produção de parafina nas refinarias de Duque de Caxias (Reduc) e Landulfo Alves (Relan), que estão paradas desde dezembro. Segundo o diretor da Abrafave a promessa era que a Relan entraria em funcionamento durante o Carnaval, para que até meados deste mês conseguisse atender a 70% da demanda. Já a Reduc não deve conseguir retomar a produção adequada antes de março.

Uma nova reunião com representantes da Petrobras e as indústrias veleiras deve acontecer ainda neste mês. De acordo com Silveira o segmento irá defender uma revisão no processo de venda da parafina. ?O modelo mais justo seria a compra direta da fornecedora. A concentração com cinco distribuidoras é nociva para o segmento de velas?, finalizou.

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