Indústria começa a dar sinais de preocupação, aponta FGV

Os empresários continuam otimistas com a situação atual de seus negócios, mas a expectativa para os próximos meses mostra que há preocupação com os impactos globais da crise americana. A Sondagem Conjuntural da Indústria, elaborada pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV), revela que apenas 16,8% das 1.079 empresas consultadas acreditam em aumento das vendas externas no primeiro trimestre deste ano. Em janeiro do ano passado, eram 26,5%; no mesmo mês de 2006, 33 1%. Outro sinal dessa maior apreensão foi o aumento do porcentual dos que acreditam que a demanda externa vai piorar: 12,1% em janeiro de 2008; 9,8% no mesmo mês de 2007 e 9,8% em janeiro de 2006.

A mesma pesquisa da FGV mostrou que o indicador sobre a situação atual dos negócios melhorou na comparação com janeiro de 2007, embora já apresente alguma deterioração na margem. A sondagem de janeiro de 2008 mostrou que 31% dos entrevistados consideram a situação atual dos negócios boa, enquanto 5% vêem a situação como mais fraca. No primeiro mês de 2007, esses porcentuais eram de 24% e 11%, respectivamente.

"Na verdade, esse é o melhor dado para janeiro desde que a atual série teve início, em abril de 1995, mas já mostra alguma contaminação pelo temor de uma crise nos Estados Unidos e na Europa", disse o coordenador da pesquisa, Aloísio Campelo. A percepção do economista é baseada nos dados de dezembro, quando 40% consideravam a situação boa e 5%, fraca.

Segundo ele, como o Sudeste Asiático tem condições de sustentar a demanda por matérias-primas (commodities), provavelmente os setores mais afetados serão os de produtos manufaturados. "Mudou a qualificação do otimismo dos empresários. Estão mais cautelosos com os próximos meses, por causa da crise externa", reiterou o pesquisador.

Capacidade

A sondagem mostra também que a pressão de demanda sobre a indústria está se estabilizando, ainda que em patamar elevado. O nível de utilização da capacidade instalada da indústria caiu pelo segundo mês consecutivo: estava em 87,2% em novembro do ano passado, foi para 86,7% em dezembro e recuou novamente em janeiro, para 84,3%, apesar do aumento do número de empresas com estoques insuficientes. A parcela de empresas com estoques insuficientes subiu de 7% em dezembro para 9% em janeiro. E no primeiro mês de 2007 era de 2%.

A sondagem registrou aumento, para 30% em janeiro, de 27% em dezembro, do porcentual de empresas que acredita em aumento da produção no primeiro trimestre de 2008. O número das que devem reduzir a produção, por sua vez, caiu de 24% em dezembro para 21% em janeiro.

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