A demanda insuficiente preocupa 42,8% das empresas do setor de construção, de acordo com dados da sondagem empresarial do setor divulgados nesta sexta-feira, 6, pela Fundação Getulio Vargas (FGV). O resultado representou um aumento significativo em relação ao verificado em igual mês de 2014 e atingiu o maior porcentual da série, iniciada em julho de 2010.

continua após a publicidade

Além disso, os empresários se mostram incomodados com “aspectos políticos” correntes, algo que sequer era mencionado no ano passado. Em fevereiro de 2015, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 6,9% ante janeiro, para 83,8 pontos, o menor nível da história do indicador.

No início de 2014, 23,7% das empresas do setor de construção apontavam a demanda insuficiente como um obstáculo aos negócios. No período de um ano, também aumentaram as reclamações sobre limitações de ordem financeira e acesso ao crédito bancário.

“Esses três fatores limitativos mostram, por um lado, a baixa demanda por novos empreendimentos no setor imobiliário e também de infraestrutura, e, por outro lado, os efeitos da política monetária, que tornaram o crédito mais caro e restrito às empresas”, comentou a economista da FGV Ana Castelo, responsável pela pesquisa.

continua após a publicidade

Mão de obra

Já a escassez de mão de obra, um problema típico de períodos de economia aquecida, deixou de ser um fator limitador para uma fatia considerável de empresários. No mês passado, 25% das companhias consultadas listaram essa preocupação, o menor nível da série. Em fevereiro de 2014, esse número era de 36,1%.

continua após a publicidade

A aceleração da inflação, por sua vez, elevou o número de reclamações sobre o custo de matérias-primas. Na pesquisa feita no mês passado, esse fator foi citado por 15,5% das companhias, mais do que o dobro de um ano antes.

Há ainda empresários que listaram outras limitações à expansão dos negócios. Em uma pergunta cuja resposta é livre, 16,2% das empresas participantes da sondagem optaram por descrever questões além daquelas previamente apresentadas.

Dessas companhias, quase metade (48,6%) citou “aspectos políticos” como uma preocupação. O cenário macroeconômico (30,3%) também é um obstáculo. Em 2014, menções ao ambiente político nem sequer apareciam no questionário, enquanto a economia era um percalço para apenas 8,3% dos empresários.

“Há uma preocupação muito grande com a atividade, e ela deve continuar em desaceleração, com repercussão sobre o mercado de trabalho”, disse Ana. “Há um número significativo e predominante de empresas apontando redução nos postos de trabalho. E a indicação é de que demissões devem prosseguir no início deste ano”, acrescentou a economista.