Importante é definir direção do combate à crise

O ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga, disse nesta quinta-feira (13) que neste momento, o mais importante é que se defina uma direção de combate à crise financeira, já que o mundo até aqui “correu para apagar incêndios”.

Ele lembrou que no próximo domingo começa a reunião G20 nos Estados Unidos e que essa pode ser uma grande oportunidade de se obter consensos sobre soluções para a crise. Armínio disse que a entrada de Barack Obama no governo norte-americano a partir de janeiro pode contribuir para o aparecimento de uma solução coordenada e de longo prazo.

Para Armínio, com o agravamento da crise global, que se estende à economia real, há risco de mais pânico em todo o sistema. Ele lembrou que agora a crise dos imóveis empresariais passou a ser problema. Ele criticou a auto-regulação do sistema financeiro sem fiscalização das autoridades governamentais. “A auto-regulação só não resolve. É indispensável o olho do governo com o poder de tomar decisões”.

O ex-presidente do BC destacou a importância da educação financeira do cidadão, como forma de evitar que ele caia “no conto do vigário das operações mágicas”. Ele criticou o crédito consignado e os financiamentos longos na compra de veículos.

Ele alertou o governo para ficar atendo de modo que essas operações não se expandam a ponto de comprometer a economia. Ele recomendou atenção para as contas externas de modo que o país não dependa demais de financiamento estrangeiro. “É um trabalho de guerrilha, do dia a dia, ir procurar onde está está o gargalo”.

Armínio criticou a carga tributaria no país que, segundo ele, equivale a 40% da economia do país, está chegando ao limite para o cidadão e pode inibir o crescimento da economia.

Ele destacou a necessidade das reformas de longo prazo, como a da Previdência e a do Estado (enxugamento da máquina), de modo a enfrentar a crise global. Ele admitiu, porém que essas medidas se tornam difíceis neste momento, quando o país precisa enfrentar os efeitos da crise financeira. “Cabe ao governo amortecer o choque e praticar uma política fiscal mais austera. Gastar mais com investimentos e menos com outras coisas”.

Armínio Fraga participou na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) de audiência pública com o economista e professor da Universidade Estadual de Campinas Luiz Gonzaga Belluzzo, sobre a crise financeira internacional.