Prestes a deixar o cargo, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta terça-feira, 15, durante apresentação em Genebra, na Suíça, que o Brasil precisa continuar com os ajustes e reformas, especialmente a da Previdência, para assegurar a confiança dos agentes na sustentabilidade fiscal e conseguir maior crescimento. A apresentação foi publicada pela instituição nesta terça na internet.

continua após a publicidade

Ilan reforçou em seu discurso que o Brasil fez progressos recentes na agenda de reformas, incluindo a trabalhista e a instituição de um teto para a alta dos gastos públicos, além da Agenda BC+, um conjunto de medidas para melhorar a eficiência do sistema financeiro.

continua após a publicidade

Ao falar do caso brasileiro, Ilan destacou no discurso o foco no sistema de meta de inflação e afirmou que a política monetária não deve reagir para estabilizar a taxa de câmbio ‘per se’. O Brasil, disse ele, tem “amortecedores” para resistir a choques, entre eles, o nível robusto de reservas internacionais, um regime de câmbio flutuante e um robusto balanço de pagamentos, além de inflação baixa e expectativas ancoradas para os índices de preços.

continua após a publicidade

Na parte inicial da apresentação, ao falar de mercados emergentes como um todo, Ilan afirmou que estas economias precisam seguir avançando na agenda de reformas estruturais com o objetivo de melhorar os fundamentos e aumentar o nível de resistência das economias. “Os amortecedores devem ajudar a suavizar o processo de ajuste”, afirmou o presidente do BC.

“A política monetária é desafiadora nos mercados emergentes”, disse ele, destacando que a política fiscal está frequentemente sob escrutínio dos agentes e os BCs precisam constantemente fortalecer a credibilidade. No geral, os emergentes têm experimentado maior instabilidade macroeconômica que os países desenvolvidos, sendo vulneráveis a “paradas repentinas” e choques de maior magnitude. “A liquidez reduzida pode produzir contágio”, afirmou ele.

Como reflexo, as moedas dos emergentes têm tido maior volatilidade, assim como a inflação e o Produto Interno Bruto (PIB) destes mercados.

Sobre os efeitos recentes nos emergentes, Ilan mencionou o aumento da aversão ao risco no mercado financeiro mundial em meio a temores de desaceleração da economia do planeta e incertezas sobre disputas comerciais, além de dúvidas sobre o processo de normalização da política monetária nos países desenvolvidos. Casa país foi afetado de forma diferente, disse o presidente do BC, destacando que o impacto dependeu da situação das contas externas, da política fiscal e do nível de autonomia do BC.

O presidente do BC fez palestra nesta terça-feira na “City Lecture”, em evento organizado na Suíça pelo Centro Internacional de Estudos Monetários e Bancários, em Genebra.