IGP-M desacelera com preços agropecuários

O retorno à deflação nos preços agropecuários do atacado, de 0,71% para -0,83%, foi decisiva para a taxa menor da segunda prévia do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) de novembro, que subiu 0,49% após apresentar aumento mais intenso, de 0,86%, em igual prévia do mês passado. Segundo o coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Salomão Quadros, a movimentação de preços agropecuários respondeu por cerca de 40% da desaceleração da segunda prévia do índice desse mês.

Ele comentou ainda que, no caso específico do atacado, a influência foi mais forte: cerca de dois terços da desaceleração de preços no setor atacadista (de 1,11% para 0,48%) foi motivada pelos preços agropecuários. Entre os destaques estão as quedas de preços registradas em feijão em grão (-14,31%); milho em grão (-6,17%) e bovinos (-2,11%).

Embora admita que o setor agropecuário no atacado tenha contribuído de forma intensa para a taxa menor da segunda prévia do IGP-M desse mês, o economista da FGV fez questão de ressaltar o papel da movimentação de preços industriais no setor atacadista, que estão subindo menos. “Os industriais estavam contribuindo, com grande impacto, para a aceleração (na taxa do IGP-M). Agora estão mudando sua trajetória”, disse, comentando que esse seria o grande “fator novo” mostrado pela segunda prévia do IGP-M.

Já a trajetória de aceleração de preços no setor varejista, de 0,13% para 0,41%, detectada na passagem da segunda prévia do IGP-M de outubro para igual prévia em novembro, não parece ser sustentável, na análise do coordenador de Análises Econômicas da FGV. Ele comentou que a taxa mais elevada nos preços no âmbito do consumidor foi fortemente pressionada pelo fim da queda nos preços dos alimentos, de -0,21% para 0,68%, cenário este que foi influenciado por produtos in natura mais caros.

2008

A desaceleração da taxa da segunda prévia do IGP-M de outubro para novembro sinaliza uma inflação medida pelo indicador bem menor esse mês do que o de outubro, quando foi de 0,98%, e indica um resultado anual próximo de 10% para o índice em 2008.

Ao comentar sobre as projeções para a taxa do IGP-M para este ano, Quadros observou que é “muito difícil” o índice fechar abaixo de 10%. Porém, observou que, até a segunda prévia de novembro, o índice acumula altas de 10,06% no ano e de 12% nos últimos 12 meses. “Acho que, agora, melhorou a perspectiva de o índice fechar o ano próximo a 10%”, afirmou o economista da FGV.