Em baixa desde a abertura dos negócios, o Ibovespa aprofundou o ritmo de queda ao longo da tarde e encerrou o pregão desta segunda-feira (7) não apenas abaixo dos 101 mil pontos como no menor nível desde 3 de setembro. Segundo operadores, o mercado acionário doméstico azedou em meio à percepção de piora do ambiente político local, diante da possibilidade de atraso na votação da reforma da Previdência, e à queda firme das bolsas americanas no fim da sessão, às vésperas da retomada de negociações comerciais entre China e Estados Unidos.

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Com mínima aos 100.541,89 pontos, registrada na última meia hora de negócios, o principal índice da B3 fechou aos 100.572,77 pontos, em queda de 1,93% – o que levou as perdas acumuladas em outubro a 3,98%. A sessão foi de liquidez reduzida, R$ 13,4 bilhões. Entre as 68 ações da carteira teórica do Ibovespa, apenas o papel da RD fechou em alta (+0,62%).

Para analistas ouvidos pelo Broadcast, a eventual postergação do calendário de votação da reforma da Previdência no Senado, em meio a disputas para divisão dos recursos do leilão do pré-sal, evidencia a fragilidade da coordenação política do governo e joga dúvidas sobre o sucesso da agenda de reformas.

“A desidratação da reforma da Previdência já deixou um gostinho amargo no mercado. A possibilidade de atraso no segundo turno com essa questão da barganha em torno da cessão onerosa estressou ainda mais”, afirma Rodrigo Franchini, estrategista da Monte Bravo.

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Líder do PSL no Senado, Major Olímpio afirmou que talvez a Casa consiga votar a reforma em segundo turno apenas a partir do dia 22 de outubro. Comitiva de parlamentares – que inclui o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e o da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – viaja dia 10 para Roma para participação da cerimônia de canonização da Irmã Dulce. O retorno ao Brasil está marcado para dia 14, véspera da data acordada para votação no Senado. Teme-se que a tramitação da reforma possa se prolongar ainda mais caso os parlamentares não cheguem a um acordo sobre a divisão dos recursos do megaleilão do pré-sal.

Por enquanto, não há sinal de mudança no volume de dinheiro do leilão do pré-sal que será destinado aos cofres da Petrobras (R$ 33,6 bilhões). Mas o embate em torno da partilha é citado como um dos fatores que prejudicam as ações da estatal, que operaram em queda mesmo nos momentos em que o petróleo subia lá fora. Com o preço da commodity virando para o lado negativo, as ações da Petrobras aprofundaram a queda – PN recuou 1,28% e ON, 1,56%.

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As maiores quedas dentro da carteira teórica do índice foram das ações da Eletrobras, com perdas de 7,90% do papel ON. Os papéis foram abalados pela notícia de que o governo desistiu de injetar recursos na companhia para torná-la mais atraente aos investidores – o que pode prejudicar o processo de privatização.

“Com a economia estagnada, o mercado acaba olhando para a política. Essa briga entre Câmara e Senado pela divisão da cessão onerosa, além do fogo amigo dentro do governo, aumentou o nível de estresse”, afirma Luiz Roberto Monteiro, operador sênior da corretora Renascença, ressaltando que o investidor estrangeiro continua a retirar recursos da B3. Em apenas três pregões, em outubro os investimentos estrangeiros já registram um saldo negativo de R$ 4,381 bilhões. Fonte: Dow Jones Newswires.