IBGE: indústria registrou queda em todos os segmentos

Todos os segmentos da indústria brasileira registraram queda no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, inclusive a construção civil (-9,8%), de acordo com a pesquisa do Produto Interno Bruto (PIB), divulgada hoje pelo IBGE. A maior queda foi a da indústria de transformação, de 12,8%, segmento que pesa 57,2% na parte de indústria da pesquisa do PIB e 16,2% no valor adicionado por todos os setores no PIB.

 

A gerente de contas trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, disse que as maiores quedas na indústria de transformação foram de máquinas e equipamentos (bens de capital), metalurgia, veículos automotores, mobiliários e vestuário e calçados. Ela observou que parte dos veículos automotores são considerados investimentos, como táxi, van e caminhão.

 

Os serviços industriais como energia, água e saneamento – considerados como um segmento da indústria na pesquisa do PIB – tiveram queda de 4,2% no período. A menor redução foi a da indústria extrativa, de 1,1%, atenuada pelo crescimento de 6,5% da extração de petróleo e gás. A extração de minério de ferro teve queda de 38,1%.

Além disso, os setores de serviços ligados à atividade industrial tiveram desempenho negativo nos três primeiros meses de 2009 em relação ao mesmo período de 2008, observou Rebeca. O comércio (atacadista e varejista) teve queda de 6% e os serviços de transporte, armazenagem e correio, de 5,6%.

 

Os serviços de intermediação financeira, seguros e previdência, que lideraram o PIB por vários trimestres com expansões de dois dígitos, desaceleraram no trimestre passado, mas mantiveram crescimento, de 5,8% sobre o mesmo período de 2008. “Não é que o crédito não esteja crescendo, mas está crescendo num ritmo muito menor que antes”, avaliou a gerente de constas trimestrais do IBGE. Os serviços de informação cresceram 5,4%, a administração, saúde e educação públicas se expandiram 3,1% e os serviços imobiliários e de aluguel, 1,6%.

 

O setor de melhor performance dentro de serviços foi o chamado “outros serviços”, que teve alta de 7%, e é formado por uma grande variedade de componentes. “São classificados como outros serviços, além daqueles prestados às empresas, os prestados às famílias, saúde e educação mercantil, serviços de alojamento e alimentação, serviços associativos, serviços domésticos e de manutenção e reparação”, diz o IBGE, em comunicado.

Setor externo

 

Pela primeira vez desde o primeiro trimestre de 2006, o setor externo não deu uma contribuição negativa para o PIB. Rebeca, do IBGE, explicou que a queda das exportações (-15,2%) no primeiro trimestre de 2009, comparativamente a igual trimestre de 2008, ficou muito próxima da queda das importações (-16%), o que acabou “neutralizando” os efeitos do setor externo no PIB no período.

Rebeca sublinhou também que o recuo das importações no período representou a primeira queda trimestral desde o terceiro trimestre de 2003, quando caíram 5,3% ante igual período de 2002. Ela observou que as principais reduções na pauta de importações no primeiro trimestre, ante igual período do ano passado, ocorreram nos segmentos de material eletrônico, material elétrico, outros produtos do refino, peças e acessórios para veículos e químicos diversos.

Comparativos

A queda de 1,8% no Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre deste ano em relação aos primeiros três meses do ano passado é o pior resultado para a comparação com iguais períodos do ano anterior desde o quarto trimestre de 1998, quando a queda foi de 1,9%. Os dados do PIB foram divulgados hoje pelo IBGE.

Já a queda da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, que se refere aos investimentos em produção) de 14% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período do ano passado é a maior da série da pesquisa do PIB para comparações com iguais trimestres do ano anterior. Foi também a primeira redução da FBCF desde o quarto trimestre de 2003, quando a diminuição foi de 3,7%.

A gerente de contas nacionais trimestrais do IBGE, Rebeca Palis, considera “normal” o investimento cair ou crescer muito mais que o PIB. “Quando o PIB estava crescendo 6,5%, a FBCF também estava crescendo muito mais. O investimento é muito mais volátil”, afirmou.

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