O executivo-chefe da Templeton Emerging Markets, Mark Mobius, afirmou nesta segunda-feira, 9, que há o risco de um pico inflacionário no mundo no médio prazo, em função da liquidez abundante que grandes bancos centrais estão injetando no sistema.

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Em uma conversa com jornalistas na sede da gestora em São Paulo, Mobius, que administra um fundo de US$ 40 bilhões em ativos emergentes, Mobius também expressou receio com a volatilidade excessiva em alguns mercados.

Sobre o risco de inflação, ele lembrou que no momento muitos países lutam para evitar um processo de queda nos preços, e por isso os BCs estão sendo pressionados a injetar dinheiro na economia. Porém, os bancos não estão emprestando esses recursos para os clientes.

“A questão é quando essa represa vai arrebentar e a água vai começar a fluir para os mercados. Quando isso acontecer, poderemos ver inflação e juros subindo, o que pode ser uma importante mudança de jogo para os mercados e a economia em geral”, explicou.

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O gestor também salientou a alta volatilidade em alguns mercados, como por exemplo com o petróleo. “Como pode o preço do petróleo oscilar 20%, 30% em alguns meses se a demanda global deve subir 3% ao ano? Não se trata de oferta e demanda, é especulação”, afirmou.

Segundo ele, boa parte dessa forte volatilidade se deve ao crescimento dos mercados de derivativos. “Os investidores ficam assustados com isso e deixam o dinheiro no banco. Isso tudo representa o maior risco que enfrentamos. Com a volatilidade, podemos ter uma grave crise, com todo mundo em pânico, desencadeando uma corrida bancária”, acrescentou.

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Segundo Mobius, os governos poderiam aumentar a fiscalização, mas bancos e corretoras opõem uma resistência muito forte a tentativas de maior regulamentação com os derivativos.

Otimista

De uma forma geral, Mobius se mostrou otimista com o Brasil, chegando a dizer que não se surpreenderia de ver um crescimento de 3%, 4% no próximo ano. Essa expansão seria impulsionada pela implementação de políticas econômicas adequadas e uma recuperação global nos preços das commodities.

“Daqui a cinco anos o cenário em relação ao Brasil será muito melhor”, garantiu, lembrando porém que, no momento, a maior preocupação da nova equipe econômica é evitar que o País perca o grau de investimento.