GVT anuncia investimento, mas quer regras claras

A GVT, operadora de telefonia fixa espelho da Brasil Telecom, anunciou ontem que seus acionistas estão dispostos a investir cerca de R$ 3 bilhões no Brasil desde que as condições de competição sejam regulamentadas. O presidente da empresa, Amos Genish, que acompanhou o chairman da GVT Shaul Shani em audiência com o Ministro das Comunicações, Miro Teixeira, disse que, para haver uma “competição justa” é preciso definir o unbundling (desagregação de redes), o co-faturamento (conta conjunta aos usuários), a portabilidade (possibilidade de manutenção do número telefônico pelo usuário ao mudar de operadora) além de uma ação mais forte da Anatel contra as práticas anti-competitivas.

Segundo o executivo, a ampliação dos investimentos da empresa, que somaram R$ 3,6 milhões entre 2000 e 2003, dependerá de como será encaminhada a regulamentação do decreto presidencial de 10 de junho, no que diz respeito à interconexão com as redes das concessionárias.

Genish informou que em um ambiente de competição, a empresa poderá expandir sua atuação para todo o País atingindo 1,7 milhão de linhas em serviço. Hoje a empresa conta com 500 mil linhas em operação.

De acordo com o plano de investimentos da GVT, a maior parte dos recursos, cerca de R$ 2,5 bilhões, deverá ser distribuída entre São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Amos Genish acredita que os investimentos, no curto prazo, poderão fazer com que a empresa conquiste entre 20% e 25% do mercado, a exemplo do que acontece nos Estados Unidos.

“A situação econômica não é condicional ao novo investimento, mas o Brasil é um país atrativo para novos investimentos”, disse o executivo ao ser questionado sobre a conjuntura econômica. “Estamos satisfeitos com a condução econômica. Quando se investe em longo prazo se olha para as perspectivas a longo prazo”, completou.

Depois do encontro com os executivos, Miro Teixeira assegurou que não vai haver “embaraço” para a competição e prometeu uma ?ação muito dura? do ministério para impedi-lo.

“Eles querem trazer US$ 1 bilhão para o Brasil, e o Brasil precisa de US$ 1 bilhão de investimentos diretos”, disse o ministro ao destacar que “na defesa da lei, da economia de mercado, da competição e dos contratos não haverá limite na ação do ministério”, disse.

Miro Teixeira acredita que a discussão sobre a competição se dará a partir de agora sob bases concretas, ou seja, pressionada pela possibilidade de novos investimentos no setor.

A GVT é controlada pelo grupo europeu Magnum Group (56%), o israelense IDB Group (28%) e o americano Merrill Lingh Group (16%). Além dos nove Estados e o Distrito Federal em que atua como concorrente da Brasil Telecom, a GVT também atua no mercado corporativo de São Paulo.

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