Guido Mantega afirma que retenção de crédito continua

Em reunião realizada na manhã desta segunda-feira (27) entre o ministro da Fazenda, Guido Mantega, o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chegou-se à conclusão de que as últimas medidas anunciadas pelos governos norte-americanos e europeus para conter os efeitos da crise financeira mundial não estão surtindo o efeito desejado.

Em entrevista coletiva à imprensa, Mantega disse que continua a haver retenção de crédito pelos bancos ao setor produtivo e que o clima de desconfiança sobre as instituições que teriam ativos podres nos EUA permanece. “Não há uma melhoria substantiva do quadro, embora os governos tenham tomado várias medidas. Elas ainda não se traduziram em irrigação de crédito para o setor produtivo, continua a haver retenção de crédito”, disse após a reunião. O ministro disse que as ações anunciadas pelos governos demoram para surtir efeito. Ele disse, no entanto, que é normal que essas medidas levem tempo para dar resultado.

“Os bancos que têm dinheiro não querem emprestar para outros porque ainda há desconfiança sobre quem tem ativos podres nos EUA”, acrescentou. Mantega ressaltou ainda que essa retenção do crédito gera uma redução no valor dos imóveis nos EUA e Europa, o que diminui o poder aquisitivo da população. “Com isso, é quase certo que haverá retração na atividade econômica ou até mesmo uma recessão (no exterior). Agora, o que está causando uma certa perturbação nos mercados é a certeza de que a retração econômica será forte. Algumas economias poderão dar sinais de recessão”, explicou. Ele citou como exemplo o Reino Unido, que já registra crescimento negativo e poderá ser seguido por outros países.

Real

Mantega afirmou que a causa da desvalorização do real e de moedas dos países emergentes é a saída dos fundos de hedge (fundos que investem em ativos variados), que estão procurando investimentos mais seguros por meio do dólar e do iene. “Temos agora a certeza da desaceleração das economias. O impacto aqui no Brasil continua o mesmo”, disse. O ministro citou que o Banco Central está ativando uma linha de leilões para a troca de títulos públicos por dólar, de forma a obter recursos para financiar as linhas de exportação, como por exemplo os Adiantamentos dos Contratos de Crédito (ACC). “Isso já está funcionando. Está começando a irrigar os ACC”, declarou.

O ministro disse ainda que o Ministério da Fazenda e o BC estão atuando junto com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal para que o crédito possa chegar às mãos dos consumidores, investidores e empresas que precisam deste recurso. “Estamos preocupados com a irrigação do setor agrícola, construção civil, automobilístico, capital de giro em geral e capital de giro para pequenas em médias empresas. Iremos irrigá-los”, prometeu.