Guerra vai ter reflexos na OMC

Brasília

  – O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, acredita que a guerra no Iraque terá reflexos na Organização Mundial do Comércio (OMC). Para ele, a divisão criada entre os países da Europa deve retardar o processo de negociação dentro da OMC, na chamada rodada de Doha. O Brasil busca nessas negociações reduzir as barreiras e subsídios na área agrícola. “Acho que esse contencioso que está se criando dentro da União Européia com a divisão dos países terá reflexo na OMC. Isso muda a rota das coisas”, disse o ministro.

O conflito no Oriente Médio dividiu os países europeus. Enquanto Inglaterra, Itália e Espanha apóiam abertamente uma ação armada contra Saddam Hussein em conjunto com os Estados Unidos mesmo sem apóio do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), França, Rússia e Alemanha condenam a iniciativa.

Furlan também teme que a reunião do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), marcada para este fim de semana em Milão, na Itália, fique comprometida e toda a pauta de discussão seja focalizada na questão da guerra.

Em relação à economia brasileira, o ministro disse que os indicadores econômicos mostram que as medidas adotadas na área econômica e a postura política contrária à guerra foram acertadas. “No momento em que todo o mundo esperava uma turbulência com indicadores desvantajosos ao Brasil, estamos vendo que o risco-Brasil está com uma trajetória de baixa e assistimos a declarações positivas em relação ao País”, avaliou Furlan.

O ministro disse ainda que espera que a decisão do governo norte-americano de invadir o Iraque, mesmo sem o apoio de todos os países que integram o Conselho de Segurança, não venha comprometer a ONU. Segundo ele, para países como o Brasil é importante que organismos multilaterais sejam fortalecidos.

Furlan acredita que o Brasil está preparado para ultrapassar o momento de turbulência. Ele informou que as exportações brasileiras de alguns produtos, principalmente na área de alimentos e combustíveis, sofreram um forte impulso nas duas primeiras semanas de março, já como reflexo da possível guerra. “O desempenho das exportações brasileiras nas primeiras semanas de março está mostrando claramente o aumento das vendas de alguns produtos estratégicos. Isso mostra que alguns países já estão procurando reforçar os seus estoques, o que é normal em um momento de apreensão”, declarou.

Houve também um aumento das exportações de chapas de aço e de gasolina para os Estados Unidos. Furlan disse ainda não acreditar que a decisão do governo norte-americano de fiscalizar as importações de aço seja um ato de retaliação ao Brasil. “Até porque a posição do Brasil não é agressiva em relação à postura norte-americana (com relação ao Iraque). O presidente Lula tem defendido uma solução pacífica, mas ele está junto com a maioria inclusive com vários cidadãos americanos que não concordam com a guerra”, disse o ministro.

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