Grupo pretende criar polo têxtil em Curitiba

Um grupo de empresários da indústria têxtil vem apresentando uma proposta que pode se converter em novas vagas para trabalhadores do setor em Curitiba e região Metropolitana. O objetivo é constituir um polo têxtil, para dar uma maior competitividade aos produtores da capital diante dos grandes polos do interior do Estado.

De acordo com o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba (Sindivest), a Região Metropolitana de Curitiba (RMC) responde por apenas 15% de toda a produção estadual. A idéia do projeto é estender esse percentual, através de uma série de ações cooperadas entre prefeituras e iniciativa privada. Os idealizadores do projeto acreditam que a consolidação do polo pode contribuir para o desenvolvimento da cadeia produtiva têxtil e de confecções.

De acordo com o representante do Grupo de Moda de Curitiba, empresário Alcione Gabardo Júnio, o projeto visa concentrar as linhas de produção em um único local. A intenção é que a prefeitura que aderir ao projeto forneça um ou mais barracões, que seriam a veia vital do projeto. Assim, as empresas de vestuário acreditam que ganharão agilidade e reduzirão custos de produções, além de poder ampliar suas linhas de financiamento para a cadeia produtiva.

Dessa forma, os empresários acreditam que poderão aumentar o volume produzido. “O projeto aponta um caminho sustentável para as indústrias, com propostas de políticas públicas que criam uma estrutura de produção”, afirma Alcione.

O projeto ainda prevê a criação de um shopping de atacado para viabilizar também o comércio do setor na região. Além disso, para atender à demanda por mão-de-obra qualificada serão firmadas parcerias com centros de pesquisa e ensino que poderão aplicar os cursos de qualificação em um local anexo às linhas de produção.

De acordo com o grupo de moda, o pólo poderá criar uma identidade temática do município que investir no projeto. Para o Alcione, a instalação do polo também poderá incentivar a produção de matéria-prima local, diminuindo o custo das empresas que hoje precisam arcar com logística de insumos para produzir.

O presidente do Sindivest e da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Naim Akel, considera que como o projeto permite um crescimento sustentável, a tendência é de que as empresas estendam a sua base. “Todos só tem a ganhar. Trata-se de uma geração de faturamento através de uma produção que gera empregos e que não polui”, comenta Akel.

Em fase de angariação de empresas apoiadoras, o Projeto Pólo Têxtil é uma idealização do Grupo de Moda de Curitiba, em parceria com o Sindivest, Sindicato das Indústrias de Fiação e Tecelagem no Estado do Paraná (Sinditêxtil), Sindicato das Indústrias de Artefatos de Couro do Estado do Paraná (Sindicouro) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Paraná (Senai).

Estado é o segundo maior produtor do País

De acordo com o Grupo de Moda de Curitiba, o Paraná é o segundo maior polo da indústria da confecção no País, com cerca de 150 milhões de peças de vestuário produzidas a cada ano. O presidente do Sindivest
e da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap), Ardisson Naim Akel, ressalta a posição de destaque do Estado no setor, porém lamenta que a produção esteja concentrada nas regiões noroeste e Norte do Estado.

“A produção da região de Curitiba pode crescer de 15% para 20% do volume produzido no Estado. Com a instalação do polo, podemos ter um crescimento continuado”, afirma Akel. Para Alci,one Gabardo Júnior, a RMC tem um potencial de crescimento que estaria sendo deixado de lado. Segundo ele, as vantagens que o interior proporciona para quem atua no ramo de confecções tem tirado a mão-de-obra mais qualificada da capital.

“A indústria têxtil do interior ficou forte por causa dos incentivos que as prefeituras têm oferecido ao setor. Nas regiões onde o setor é mais forte, as prefeituras subsidiam a participação das fábricas em feiras, deixando o produtor mais próximo de compradores e fornecedores”, explica.

Ao contrário do que acontece no interior, Gabardo conta que, na capital, quem atua no ramo sempre encontrou dificuldades. “É difícil ser costureiro hoje em Curitiba. Além de disputar mercado com os polos do interior, é difícil segurar os profissionais atraídos pelas vantagens eminentes do interior”, diz.

Gabardo se mostra animado com o aceno positivo de algumas prefeituras que estariam interessadas na execução do projeto. “Tivemos contatos com as prefeituras de Araucária, Campo Largo, Pinhais e Piraquara. A maioria está percebendo o potencial que o projeto tem para a comunidade”, afirma.

Cadeia produtiva é extensa

Segundo o Sindicato das Indústrias do Vestuário de Curitiba (Sindivest), o setor de vestuário e confecção gera mais de 3 mil empregos diretos na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). No entanto, de acordo com a instituição, para cada vaga preenchida, o setor gera mais dois empregos em atividades complementares.

“Não é só a produção que emprega. O tecido precisa ser cortado. Depois de finalizado, o produto precisa ser vendido. Assim, quem aderir ao projeto estará beneficiando não apenas o setor mais toda a cadeia de produção”, diz Ardisson Naim Akel.

Além da geração de empregos, o grupo de Moda ressalta que ão projeto pode significa um incremento para os empresários do setor que já vislumbram um aumento do faturamento. À frente de uma das empresas que tem interesse em participar do projeto, a empresária Letícia Birolli Ferreira vê oportunidade de crescimento e possibilidades de profissionalizar o setor de confecção.

“Nossa empresa tem 18 anos de mercado e sempre sentiu falta de mão-de-obra qualificada. Na implantação do pólo têxtil, vemos uma grande oportunidade de poder formar nossos colaboradores, aumentando a qualidade de nossos produtos e fazendo com que Curitiba ganhe destaque também com o nosso setor”, afirma.

Com uma produção de 1,7 mil peças por mês, a empresa de Letícia, conta com 12 colaboradores vindos da própria capital, Araucária e São José dos Pinhais. “Hoje, trabalhar isoladamente de outras empresas nos faz ter um custo maior com fornecedores. Com esta união e parceria, poderemos conhecer novas realidades e conseguirmos, todos juntos, criar um novo conceito para a cidade, que já foi considerada nacionalmente como a capital ecológica do Brasil. Afinal, não há concorrência de mercado. Mas, sim, parcerias aliadas para o bem comum de todos”, enfatiza Letícia.

Voltar ao topo