Greve dos bancários ganha força

A greve dos bancários vem ganhando força desde que o movimento começou, na última quarta-feira. Ontem, mais da metade das agências de Curitiba estavam fechadas, conforme informações do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região Metropolitana.

Segundo o sindicato, das 329 agências da capital, 168 já entraram em greve. Praticamente todos os bancos aderiram, menos o Bradesco, que conseguiu uma decisão na Justiça do Trabalho assegurando que o sindicato não interrompa o trabalho nas suas agências. Uma reunião com o comando nacional de greve deve acontecer hoje, em São Paulo.

O sindicato informou também que não há dados oficiais da região metropolitana, mas estima que muitas agências das cidades vizinhas a Curitiba também tenham aderido à paralisação.

Outros 13 centros administrativos -locais onde funcionam serviços internos dos bancos – também aderiram ao movimento, em Curitiba. Para se ter uma idéia, quando a greve começou, haviam 91 agências e onze centros administrativos com os serviços paralisados. Dos cerca de 17 mil funcionários, calcula-se que 13 mil estejam em greve.

Por enquanto, o movimento vive um impasse: de um lado os grevistas, que estão irredutíveis reivindicando 13,23% de reajuste salarial – cerca de 5% de aumento real e outros 7% de correção inflacionária – e do outro, os banqueiros, que já ofereceram 7,5% de reajuste real.

De acordo com a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), o momento agora é de aguardar uma contra-proposta dos grevistas, e não propor mais aumento, uma vez que o país vive uma crise. Já o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região, Otávio Dias, diz que espera que os banqueiros tomem uma atitude.

“Esperamos que eles retomem as negociações”, afirmou. Além dos 13,23%, os bancários também reivindicam aumento no vale-refeição – de R$ 14,72 para R$ 17,50 – e no piso salarial, de R$ 1.287,73 para R$ 2.074, entre outras.

Ainda segundo Dias, o reajuste oferecido pela Fenaban significa apenas 0,3% de aumento real. No interior, cerca de 2,5 mil bancários aderiram à paralisação em 140 bancos.

Por conta do grande volume de agências bancárias fechadas, quem vem lucrando com a greve são as lotéricas, que estão registrando um movimento muito maior nos três últimos dias.

Movimento

Algumas chegaram a dobrar o número de atendimentos. Na Lotérica Alpha, no bairro Sítio Cercado, em Curitiba, as atendentes estavam cheias de trabalho ontem.

“Geralmente tem fila aqui, mas nos últimos dias a fila já está saindo para fora da porta”, contou a caixa Elizângela Cristina. Na Municipal Loterias, o quadro era o mesmo. “Estamos atendendo gente que nunca vimos antes, provavelmente quem só ia aos bancos. Quem antes só vinha aqui para jogar, nesses últimos dias está vindo pagar contas”, disse a caixa Simone Ditzel.