Greve dos auditores da Receita pode atrasar restituição

São Paulo – Os efeitos da mobilização dos servidores federais por aumento de salário e melhoria de condições de trabalho já passaram por passageiros de vôos internacionais, chegaram aos que precisam do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e ameaçam agora os cerca de 350 mil contribuintes que têm imposto a ser restituído, mas caíram na malha fina no ano passado ou em anos anteriores. Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Unafisco), a greve da categoria, iniciada no dia 26 de abril, vai atrasar o processo de checagem das declarações sob investigação.

“A restituição de quem caiu na malha fina vai atrasar o tempo que durar a greve, e quem iria ser chamado para prestar esclarecimentos, não será”, alertou o diretor da entidade, Pedro Delarue. Ele ressaltou que não deve haver problemas com as declarações entregues neste ano, já que a maior parte do processo para o pagamento das restituições do Imposto de Renda está informatizada.

Ao lado dos auditores da Receita, estão em greve funcionários da Polícia Federal, da Advocacia Geral da União (AGU) e do INSS. Outras categorias de servidores ameaçam parar, entre elas os funcionários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), das delegacias regionais do Trabalho, do Judiciário e do Ministério Público Federal. Os servidores federais ainda estudam uma greve geral para o início da próxima semana.

No caso dos auditores fiscais, a liberação de cargas em portos e aeroportos também está sendo prejudicada. A situação só está normal no caso de medicamentos e alimentos perecíveis. Segundo o Unafisco, 80% da categoria aderiu à paralisação. Os auditores reivindicam reposição salarial de 127%. O governo propôs gratificação de até 30%, vinculando-a ao aumento da arrecadação, e reajuste de 8,5% aos inativos. Os auditores não aceitaram e preparam protesto para amanhã, em frente ao Ministério da Fazenda, para que sejam recebidos pelo chefe da pasta, Antônio Palocci.

No caso da paralisação da PF, cerca de 80% da categoria cruzou os braços, segundo o Ministério da Justiça. Os sindicalistas afirmam que a adesão chega a 90%. Apesar de terem interrompido as operações-padrão nos vôos internacionais, que vinham causando longas filas e esperas no embarque e desembarque, os agentes, escrivães e papiloscopistas prometem “radicalizar” o movimento, já que o governo descartou atender à reivindicação de elevar os salários aos de nível superior – hoje são de nível médio.

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