Greenspan critica meta de inflação

O presidente do Federal Reserve, o Banco Central norte-americano, Alan Greenspan, disse ontem que rejeita a idéia de adotar uma meta de inflação para definir as taxas de juros dos EUA, dizendo que essa medida é “altamente duvidosa” e pode elevar ainda mais a regulação do setor. Para o presidente do Fed, a economia norte-americana é muito complexa para ser reduzida a uma política monetária baseada em um modelo de regras fechadas.

O discurso de Greenspan foi feito durante o encontro anual do Fed de Kansas City, em Jackson Hole, em Wyoming.

O presidente do Fed disse que é melhor adotar um sistema de “gerenciamento de risco” (risk management, em inglês) para definir a taxa de juros e que permite os oficiais avaliarem pelo seu próprio julgamento os efeitos da política adotada.

“Regras, por sua natureza, são simples, e quando há significativas incertezas no ambiente econômico, elas não podem ser substituídas por paradigmas de gerenciamento de risco, que são muito mais apropriados para definir as políticas”, disse Greenspan em seu discurso.

As metas de inflação, que servem para nortear as expectativas do mercado sobre a política monetária a ser adotada pelo BC, são usadas pelo Banco da Inglaterra, o BCE (Banco Central Europeu), o Banco da Nova Zelândia, o Banco do México e o Banco Central brasileiro, por exemplo.

Algumas autoridades do Fed, incluindo o presidente do Fed da Filadélfia e de Saint Louis, defendem que o Banco Central norte-americano adote a meta de inflação.

Para os investidores e os mercados financeiros, a discussão é importante, porque é difícil saber como o Fed pode garantir o crescimento da economia.

Greenspan disse que há muita incerteza sobre a economia para adotar uma meta, particularmente quando a inflação está em nível tão baixo, como agora. O próprio presidente do Fed disse que o risco de deflação (quando os preços caem continuamente, porque as pessoas não consomem) ainda não foi totalmente descartado.

O presidente do Fed também disse que não adotar uma meta de inflação e manter a política de administração de riscos garante mais agilidade na tomada de decisão, como aconteceu durante a crise na Rússia em 1998.

No fim de seu discurso, Greenspan sugere que a discussão deve ser ampliada.

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