Governo recua. Preço dos combustíveis não vai cair

Fortaleza

– A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, garantiu ontem que não haverá alteração nos preços dos combustíveis esta semana. Dilma afirmou que participou anteontem de reunião com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, em que discutiram a alta do preço do petróleo no mercado internacional, provocada, segundo ela, pela greve geral na Nigéria.

“Achamos que não é oportuno tomarmos essa decisão e decidimos postergá-la para a próxima semana”, disse. “Decidimos esperar. Esta greve está prometida para acabar no domingo. A partir daí, vamos avaliar quais são as tendências do mercado.”

A ministra admitiu, dessa vez, a possibilidade até de um aumento nos preços. “Também não faz sentido tomar posição sem o país (a Nigéria) estar estabilizado. Seja no sentido de redução, seja no sentido de deixar como está, seja no de aumentar preços. Foram todas as decisões postergadas e essa é uma posição oficial”, frisou.

Dilma alegou ter sido mal interpretada, anteontem, durante coletiva em Brasília, e disse que não anunciou nenhuma redução no índice dos combustíveis. “Apesar de ser instada insistentemente a me pronunciar sobre a questão dos combustíveis ao ser perguntada quando iria definir isso respondi: ?Em breve.? Perguntaram se seria esta semana, respondi ?provavelmente?”, explicou, após lançar o Plano Plurianual 2004-2007 do governo Lula, na sede do Banco do Nordeste, em Fortaleza.

Sobre a redução no preço do gás de cozinha (GLP), a ministra lembrou que esta é uma recomendação do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva e nada tem a ver com a questão internacional do petróleo. Ela disse que está em estudo um tratamento diferenciado para o produto, que integra a cesta básica.

Este ano, o preço da gasolina foi reduzido somente uma vez nas refinarias da Petrobras, após o fim da Guerra do Iraque. A redução de 6,5% promovida pela estatal, somada ao aumento do percentual de álcool na gasolina, fizeram o combustível recuar cerca de 10% nos postos, segundo dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo).

Já o gás de cozinha continua acumulando toda a alta promovida no ano passado, e custa cerca de R$ 30 na média de preços do país.

Nigéria

A greve na Nigéria é organizada por sindicatos, que protestam contra o recente aumento de mais de 50% no preço da gasolina no país. O governo nigeriano justifica o aumento da gasolina como uma necessidade de atrair novas empresas para a exploração no país, além de dar fim ao contrabando.

Os preços internacionais do petróleo também subiram – mais de 3% esta semana – devido a uma tempestade que atingiu o Golfo do México.

A Nigéria é o maior produtor de petróleo do continente africano e atualmente o maior exportador estrangeiro para o Brasil. Está também entre os seis países que mais fornecem petróleo para os Estados Unidos.

Refinaria

Sobre a nova refinaria da Petrobras, ela informou: “Ninguém vai colocar refinaria onde já tem. São várias propostas em andamento e todas serão consideradas.” E acrescentou que o Nordeste é a região mais credenciada por conta do mercado consumidor.

Petróleo fecha em baixa

As cotações do barril de petróleo caíram ontem em Londres e Nova York. O mercado passou o dia inteiro de olho no que acontece na Nigéria. Os trabalhadores do país estão em greve há três dias.

Os investidores não gostaram da notícia de que todo o setor de petróleo do país pode parar se a questão sobre os altos preços da gasolina não forem resolvidas até domingo, quando haverá assembléia da principal central sindical nigeriana. No entanto, mesmo com o receio de que um dos maiores produtores e exportadores de petróleo africano pare, as cotações do barril caíram.

Em Nova York, o barril a ser entregue em agosto encerrou o dia negociado a US$ 30,15 – US$ 0,25 a menos que no início do dia. O menor valor negociado ontem foi de US$ 29,90. Os investidores dizem que os negócios estão mais lentos devido ao feriado de 4 de julho, Dia da Independência dos EUA.

Um fator que impediu uma queda maior das cotações foi a divulgação do relatório semanal do Departamento de Energia americano, que divulgou a queda 2,1 milhões dos estoques de petróleo do país, que ficaram em 282,1 milhões nesta semana contra 284,2 milhões na semana passada.

No mercado londrino, o petróleo fechou cotado a US$ 27,98 o barril, uma redução de US$ 0,33.

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