Na estimativa do mercado, perda
pode chegar a R$ 14 bilhões.

O Brasil poderá perder aproximadamente US$ 3 bilhões (cerca de R$ 9,3 bilhões) neste ano por causa dos problemas causados pela recusa da China em aceitar alguns carregamentos de soja brasileira no qual foram encontradas sementes tratadas com fungicida, segundo avaliação do Ministério da Agricultura. Na estimativa do mercado, porém, essa cifra pode chegar a até R$ 14 bilhões.

As perdas foram estimadas levando em conta a quantidade de soja que deixará de ser comprada pela China e a queda na cotação do produto no mercado internacional. A China é o maior importador de soja do Brasil e, no ano passado, comprou cerca de 6 milhões de toneladas do produto.

A China recusou dois carregamentos de soja brasileira, no total de 110 mil toneladas, sob a alegação de que foram encontradas sementes tratadas com o fungicida Carboxin, que não deveria estar presente no grão destinado a consumo como alimento.

“Não queremos que isso se repita nunca mais porque é um prejuízo muito grande ao Brasil”, disse o secretário- executivo do Ministério da Agricultura, José Amauri Dimarzio. Na sexta-feira, representantes dos produtores de soja estiveram reunidos no ministério para discutir normas e critérios para a tolerância da presença de sementes e outras impurezas em carregamentos de soja. Foi criado um grupo de trabalho para tratar do assunto. Uma instrução normativa com os limites de tolerância deverá ser editada até segunda-feira.

Tratamento igual

Se de um lado o governo tentará aumentar a fiscalização para evitar problemas de contaminação, ainda não abriu mão de convencer a China a flexibilizar seus critérios de qualidade. “Voltaremos a conversar com o governo chinês se tivermos justificativas técnicas para defender”, disse Dimarzio.

O governo reconhece que cabe ao comprador da soja estabelecer as condições para entrega do produto. Mas não admite que a China aceite soja em condições diferentes dependendo da origem do produto. Ou seja, se houver tolerância chinesa para presença de sementes em soja vinda de algum outro país, o Brasil exigirá o mesmo tratamento.

Segundo ele, nos Estados Unidos e na Argentina, por exemplo, há tolerância para sementes de soja no carregamento. Nos Estados Unidos, é de três sementes por quilo, ou 0,03%.

Ontem, depois da reunião, representante dos exportadores disse ser impossível exigir que não haja semente nos carregamentos. “Não é possível ter zero de semente”, disse Sérgio Mendes, diretor da Anec (Associação Nacional dos Exportadores de Cereais). “É uma exigência impossível de ser cumprida”, afirmou.

Segundo Mendes, no entanto, é possível trabalhar para que a quantidade de semente nos carregamentos seja a menor possível. Ele disse que é viável que o número chegue a ficar pouco abaixo de uma semente por quilo de soja.

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