As normas para produção de leite, estabelecidas pelo Ministério da Agricultura, ficarão mais rígidas a partir de julho, e o Conselho Estadual da Sanidade Agropecuária (Conesa) vai intensificar o trabalho nos municípios para alertar produtores rurais sobre a importância da sanidade agropecuária para melhorar a qualidade do produto. O presidente do Conesa e secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, reuniu o conselho na segunda-feira (21) para avaliar os avanços e desafios relacionados à sanidade no âmbito dos programas Leite das Crianças e Leite do Paraná, que atendem a merenda escolar e programas institucionais.

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De acordo com o médico veterinário Francisco Perez, da Secretaria da Agricultura, os programas do governo acompanharão as exigências nacionais, que serão maiores a partir de julho, com alterações na Instrução Normativa-51 (IN-51), do Ministério da Agricultura. A contagem bacteriana cairá de um padrão máximo de até 750 mil colônias por ml de leite para 100 mil colônias. E o índice permitido para a existência de células somáticas cai de 750 mil para 400 mil por ml.

A qualidade do leite que sai das propriedades paranaenses vem melhorando e já supera as exigências da atual normatização. De 2003 para cá, o índice que mede a existência de colônias de bactérias caiu de 973 mil para 218 mil colônias de bactérias por mililitro (ml) de leite. Esse índice é inferior ao limite máximo imposto pelos programas paranaenses, que toleram até 500 mil colônias de bactérias por ml, padrão mais severo que os níveis atuais da IN-51, do Ministério da Agricultura.

“Também foram bastante reduzidos outros indicadores da qualidade do leite, como a existência de células somáticas, que aponta a existência da quantidade de ‘pus’ no leite, adição de água e problemas nas usinas”, disse o coordenador estadual do programa Leite das Crianças, Osmar Buzinhani. “O maior trunfo obtido pela exigência de qualidade do programa Leite das Crianças foi a queda na contagem bacteriana”, informou.

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O secretário Norberto Ortigara quer estender aos demais laticínios os ganhos de qualidade adquiridos nos programas governamentais Leite das Crianças e Leite do Paraná, que atende a merenda escolar e programas institucionais. A reunião do Conesa realizada esta semana revelou que, embora o Paraná tenha avançado, ainda há um caminho a percorrer até chegar a níveis ideais.

Segundo Francisco Perez, grande percentual de produtores não consegue atender aos padrões de sanidade, no que se refere à contagem de células somáticas e contagem bacteriana total. Na contagem de células somáticas, analise laboratorial realizada pela Rede Brasileira de Qualidade do Leite da Associação Paranaense de Bovinos da Raça Holandesa (APCBRH) revelou que cerca de 41% das amostras enviadas pelos produtores estão fora de padrão definido. E na contagem bacteriana total, cerca de 36% das amostras estão fora do padrão.

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Perez destaca que houve avanço no ano passado, com queda de oito pontos percentuais nos índices de contagem bacteriana e células somáticas: “Essa melhora ocorre em função dos programas de capacitação e treinamento de produtores, técnicos agrícolas que atuam no campo e nas indústrias, promovidos sistematicamente desde 2008 pela Secretaria da Agricultura e Secretaria da Ciência e Tecnologia”.

O governo do Estado vai enquadrar o maior número de produtores possível nos padrões de qualidade. O secretário conta com parcerias com as instituições do setor privado para qualificar ainda mais o produtor e as indústrias. Para o superintendente do laboratório da APCBRH, Altair Valoto, esse caminho seria mais rápido se as indústrias pagassem pela qualidade do leite entregue pelos produtores.

Fortalecimento

“É preciso ousadia para fortalecer diversos aspectos da nossa produção e o segmento do leite precisa de mais ação”, destacou Ortigara. O secretário ressaltou que o fortalecimento da ação de Defesa Sanitária Animal e Vegetal é um compromisso com o setor privado que começa a ser cumprido pelo governo.

Dentro do cronograma estabelecido para essas ações, o governador Beto Richa autorizou a contratação de 567 profissionais que irão atuar na defesa sanitária dos produtos de origem animal e vegetal. As contratações visam recompor a capacidade de ação das unidades veterinárias e nas barreiras interestaduais.

“Se quisermos, a partir do ano que vem, solicitar exame técnico do risco para reconhecimento do status sanitário de estado livre da febre aftosa, devemos intensificar o trabalho a partir de agora”, disse Ortigara. O secretário informou que está acertando com os secretários de Agricultura de Santa Catarina e do Mato Grosso do Sul investimentos conjuntos nas barreiras interestaduais, reduzindo custos para os estados.