Governo eleva previsão do PIB para 3,8% este ano

O segredo estava sendo guardado a sete chaves, mas agora se sabe que o governo está revendo – oficialmente -as estimativas que existiam até agora para o crescimento do Produto Interno Bruto para este ano. Quem confirmou o estudo foi o ministro do Planejamento, Guido Mantega. A mudança é significativa (apesar de ser de apenas 0,3 ponto percentual), de 3,5% para 3,8%. A nova projeção deverá constar do projeto de lei orçamentária que será encaminhado na terça-feira ao Congresso, antes mesmo de o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgar seus números.

Não é apenas o governo que está otimista com o crescimento da economia. O mercado está ainda mais e já aponta 4% como piso para o desempenho do PIB de 2004. A previsão é endossada pelo ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que acredita que, dependendo do desempenho do mercado interno no segundo semestre, este porcentual pode ser até maior. Segundo ele, mesmo com as indicações contidas na ata do Copom de que os juros podem subir, a estimativa está mantida. “É claro que, se tivéssemos juros menores e inflação mais baixa, o crescimento poderia ser maior e sustentável”, disse Furlan.

Porém, a equipe econômica prefere usar uma projeção mais cautelosa. “O Ministério da Fazenda, por natureza, trabalha com estimativas mais conservadoras”, afirma um assessor direto do ministro Antonio Palocci. “Vamos esperar os números do IBGE.” No primeiro trimestre, a economia apresentou crescimento de 2,7% em relação ao mesmo período do ano passado, graças ao reaquecimento da indústria, que cresceu 5%. No segundo trimestre, o IBGE já aponta alta de 9,3% para a indústria, o que sinaliza que o PIB geral poderá superar em 5% a 7% o do mesmo período do ano passado, que foi bastante baixo.

No acumulado do primeiro semestre, a indústria fechou com crescimento de 7,1% em relação a 2004. Baseado nesse desempenho, os técnicos do governo esperam que os próximos resultados do IBGE já indiquem crescimento entre 4% e 5% nos seis primeiros meses. Tudo dependerá do comportamento de setores como agricultura e serviços.

O otimismo com a taxa de crescimento de 2004 se justifica pelo que os técnicos chamam de “comportamento em V” da economia no ano passado (ou seja, o PIB caiu no meio do ano e voltou a subir no final). No segundo e terceiro trimestres de 2003, principalmente, o PIB foi muito baixo, o que facilita a obtenção agora de variações altamente positivas. A única dificuldade será manter o mesmo rendimento no quarto trimestre, quando o PIB do ano passado já havia reagido.

“O PIB do segundo trimestre do ano passado caiu e, por isso, mesmo que o País tivesse permanecido estagnado no segundo trimestre deste ano, já teríamos uma taxa de crescimento maior na comparação entre 2003 e 2004”, avalia um assessor do Planejamento. Uma das razões para a reestimativa do PIB não ser ainda maior do que os 3,8% é que, embora referente a 2004, ela afeta as projeções de receitas e despesas do governo para 2005, além da própria meta de superávit primário.

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