Governo brasileiro preocupado com os focos de febre aftosa

Brasília – O governo brasileiro está preocupado com os focos de febre aftosa na América do Sul, principalmente depois de registros da doença no Paraguai e na Bolívia. Com o objetivo de discutir políticas e estratégias emergenciais de combate à doença no continente, o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, participou hoje de uma reunião ministerial da América do Sul, em Santa Cruz de La Sierra (Bolívia).

Recentemente foi registrado foco da febre aftosa na região centro-oeste do Paraguai, próximo à divisa com a Bolívia e a Argentina. Além disso, o governo boliviano declarou estado de emergência nacional, em razão da descoberta de dois focos de aftosa nas comunidades de Monteagudo (Departamento de Chuquisaca) e Betanzos (Departamento de Potosi), situados na bacia do Rio Prata, a três quilômetros da fronteira com a Argentina e a sete quilômetros da fronteira com o Paraguai. Há cinco anos a região não registrava um foco da doença.

Segundo informações do Ministério da Agricultura, o Brasil tem 82% do seu rebanho bovino, de 183 milhões de cabeças, livres da doença. Para manter esse status, o governo busca liderar a prevenção e o combate à doença na região. Em março deste ano, o Brasil doou um milhão de doses de vacinas contra a aftosa no Paraguai e outras 500 mil doses à Bolívia. Juntos, esses dois países somam 17 milhões de bovinos.

O vírus da febre aftosa constitui em uma das maiores barreiras sanitárias à exportação de produtos agropecuários. Para o diretor-executivo da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Ênio Marques, a doença já virou um ícone utilizado pelos países desenvolvidos para a depreciação da carne brasileira, apesar de que em dois anos nenhum caso foi registrado nos campos brasileiros. Um bom exemplo são os Estados Unidos, que dificultam as exportações brasileiras de carne suína. Marques destacou, ainda, que a possibilidade dos focos detectados nos países vizinhos afetarem as vendas do produto no mercado exterior é quase nula.

O especialista da Abiec acrescentou que, embora a doença não apresente necessariamente efeitos em seres humanos, ela afeta bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos e suínos, baixando a produtividade dos rebanhos. Segundo ele, a associação não só apóia como participa das gestões realizadas pelo governo brasileiro com o objetivo de ajudar os países vizinhos na luta contra a aftosa. ?Os esforços brasileiros podem, inclusive, facilitar as negociações comerciais na região?, ressaltou.

Mato Grosso do Sul

O Estado do Mato Grosso do Sul, que tem o maior rebanho de gado de corte do país – 24 milhões de cabeças -, recebeu em maio deste ano o certificado de área livre da febre aftosa, por meio da vacinação. Mesmo assim, a preocupação com o mal é crescente. O estado tem fronteira tanto com o Paraguai como com a Bolívia.

De acordo com o delegado federal de Agricultura do Estado, José Roldão, há cinco postos de vigilância na fronteira com os dois países, mas não bastam. Por isso, com frequência, barreiras sanitárias fixas e itinerantes, acompanhadas por policiais civis e militares, são instaladas. ? A medida deve ser reforçada ainda mais?, sinaliza.

Ele conta que acompanhou, por vários anos, a entrada de animais doentes no Estado, o que colocou em xeque o status sanitário de Mato Grosso do Sul. “Por mais de duas vezes, várias rezes tiveram de ser sacrificadas”, comenta.

O colsultor da Bolsa de Mercadoria do Futuro (BMF) do Centro-Oeste, João Pedro Cuthi Dias,  lembra que o Brasil se consagrou como o maior exportador de carne do mundo, nos últimos 12 meses, superando a Austrália. Dias destaca, ainda, que o gado brasileiro está em pé de igualdade com o simliar europeu em termos de precocidade, capacidade de reprodução e em qualidade de carne, que o mundo exige. Por isso, o controle da aftosa deve ser rígido.

Missão russa

Para certificar a sanidade do gado brasileiro e fomentar as exportações da carne brasileira para a Rússia, uma missão formada por técnicos daquele país inspecionou frigoríficos em diversos municípios do Estado do Mato Grosso do Sul. Eles devem permanecer até a próxima semana, quando deverão concluir o trabalho em Campo Grande, capital do estado. (Igor Marx, de Brasília, e Marília de Castro, de Campo Grand)

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