Governo avalia renovação de acordo com FMI

Brasília – O governo brasileiro está com uma avaliação positiva em relação às conversas preliminares que vem mantendo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), embora não tenha tomado a decisão de formalizar um novo acordo. “As conversas estão caminhando bem”, disse uma fonte do governo ao comentar que, nesta etapa, as discussões estão concentradas na perspectiva do balanço de pagamentos do País nos próximos 12 a 18 meses, considerando-se o comportamento das contas nacionais e as estimativas a respeito da recuperação da economia internacional. “A avaliação é bastante positiva, considerando-se inclusive a emissão de US$ 1,5 bilhão feita na quarta-feira e o comportamento sustentado das exportações brasileiras”, disse a fonte.

O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, e o diretor de Política Econômica do Banco Central, Afonso Bevilaqua, são os responsáveis pelas conversas iniciais com os dirigentes do Fundo. Eles estão em Washington esta semana e devem retornar ao País no final de semana. Nas discussões são avaliados os principais números da conta do balanço de pagamentos e o comportamento da economia internacional. “As discussões em Washington confirmam a expectativa de uma melhora da economia internacional, o que também é entendido como favorável à posição externa brasileira”, disse ainda a mesma fonte. Para o governo, qualquer decisão em relação à renovação do acordo com o Fundo, mesmo preventivo, irá considerar as possibilidades de recuperação da economia internacional.

Levy e Bevilaqua estão conversando com os dirigentes do FMI, mas sem as credenciais para renegociar a renovação do acordo. “Eles apenas fazem sondagens e exercícios de projeção”, disse a mesma fonte do governo. Tampouco nessa fase de negociação está em pauta o valor dos recursos que, preventivamente, o FMI pode colocar à disposição do governo brasileiro. A negociação, de fato, ocorrerá a partir do início de novembro, quando a missão do Fundo chegar ao Brasil. Até lá, o governo espera reunir todas as informações técnicas necessárias para decidir se renova ou não o acordo.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, confirmou que o governo mantém “conversas iniciais” com o FMI. Segundo Meirelles, ainda não há uma decisão tomada sobe o assunto. Ele considerou prematuro falar em detalhes como valor e prazo para o acordo. Apenas concordou com o efeito positivo, para avaliação das perspectivas do balanço de pagamentos no próximo ano, da captação de US$ 1,5 bilhão feita ontem pelo Brasil. “A operação foi um sucesso”, disse. Segundo Meirelles, esse sucesso reflete o “momento extremamente positivo do Brasil”.

O presidente da Câmara, João Paulo, apoiou a posição do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, favorável à possibilidade de renovação do acordo do País com o FMI, porém na forma de um acordo preventivo. “A assinatura do acordo é uma medida correta, de precaução, como o ministro Palocci vem acenando”, afirmou João Paulo.

Recursos

As fontes não revelam as estimativas para o balanço de pagamentos que estão colocadas nas discussões com os dirigentes do FMI. O Banco Central, no entanto, já divulgou as projeções para o próximo ano, quando anunciou os resultados das contas externas referentes ao mês de agosto. O governo considera, por exemplo, que necessitará de US$ 46,9 bilhões para financiar as contas externas do País no ano que vem, incluindo setor público e privado.

As “estimativas conservadoras”, como define o BC, são de um ingresso de US$ 13,5 bilhões de investimentos diretos e outros US$ 5,5 bilhões de emissões de bônus da República. O superávit comercial está estimado em US$ 16,5 bilhões, com exportações somando US$ 71,5 bilhões e importações de US$ 55 bilhões.

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