GM demite 450 e amplia crise no setor automotivo

São Paulo – A General Motors demitiu ontem 450 trabalhadores na fábrica de São José dos Campos, interior de São Paulo, ampliando ainda mais a crise no setor automobilístico. O número de dispensas pode chegar a 600 hoje, e também há cortes previstos na unidade de São Caetano do Sul, no ABC paulista. A Volkswagen já havia informado ter um excedente de 3.933 funcionários em seu quadro de pessoal e anunciou a criação de uma empresa de recolocação. A medida foi rejeitada pelos funcionários da Volks, que ameaçam entrar em greve.

A GM emprega 10 mil funcionários em São José e na semana passada abriu um programa de voluntariado (PDV), mas não conseguiu adesões suficientes. O vice-presidente da empresa, José Carlos Pinheiro Neto, disse que a empresa propôs um programa de lay-off (afastamento temporário). Um grupo de trabalhadores ficaria em casa por seis meses e receberia 80% dos salários. Como o Sindicato dos Metalúrgicos local não aceitou, os cortes foram efetivados. O presidente da entidade, Luiz Carlos Prates, volta a se reunir amanhã com a empresa e também ameaça promover greves se as dispensas não forem revistas.

Na fábrica de São Caetano, a GM espera 300 adesões ao PDV. Segundo Pinheiro Neto, um grupo de 150 funcionários já teria aceitado7 o lay-off e ficará afastado por seis meses. “O mercado de carros, que estava frio, ficou congelado por conta de anúncios de medidas para incentivar as vendas. Cada dia se lançava um programa diferente”, disse Pinheiro Neto, referindo-se às declarações desencontradas de membros do governo sobre o pacote de ajuda ao setor que estava sendo negociado com as montadoras e os trabalhadores. Considerado um plano de emergência, previa a redução de impostos e financiamento especial para reduzir estoques.

O setor ainda não descarta a adoção de medidas por parte do governo, mas acha que devem ficar apenas no plano de linha de crédito com juros menores que os de mercado.

As empresas têm hoje cerca de 160 mil veículos encalhados. As vendas no primeiro semestre foram as mais baixas dos últimos três anos. Somaram 647,5 mil unidades, 8,2% a menos que em igual período de 2002. A maioria das montadoras adotou medidas como férias coletivas e redução da jornada de trabalho. Segundo a Volkswagen e a GM, essas ações não estão sendo suficientes para reverter a atual crise.

As montadoras alegam estarem operando com altos prejuízos no Brasil por conta da ociosidade de suas fábricas, que passa de 40%. As fábricas instaladas no País têm capacidade para produzir 3,2 milhões de veículos, mas este ano devem fabricar menos de 1,8 milhão.

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