O Departamento de Economia Rural da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Deral) divulgou no final da tarde desta segunda-feira (02) a primeira avaliação sobre o impacto das geadas do final de semana. As baixas temperaturas afetaram com mais intensidade o Sul e o Sudoeste do Estado, mas também foram registradas no Oeste, Centro-Oeste e Nordeste.
Trigo, cevada, feijão e milho estão entre as culturas mais afetadas. Além delas, também deverão ter prejuízos triticale, aveia para formação de grãos, frutas e olerícolas. Entre estas, o tomate tende a ser o mais afetado porque parte da cultura ainda não é protegida em estufas.
Apesar de ainda ser cedo para quantificar as perdas, técnicos do Deral garantem que haverá quebra na safra de trigo, inicialmente estimada em 2,17 milhões de toneladas. Os prejuízos devem ser maiores nas regiões de Ponta Grossa, Guarapuava, Irati, Francisco Beltrão e Pato Branco, onde as geadas foram mais fortes. Essa área concentra 28% da produção paranaense do cereal.
Cerca de 70% dos campos com lavouras de inverno estão na fase de floração e de frutificação ? as mais suscetíveis às perdas. A produção também deverá ser prejudicada no Oeste e no Centro-Oeste, onde 85% das lavouras estavam na fase mais crítica de desenvolvimento. O Norte terá perdas, porém restritas à região de Ivaiporã.
A cevada, cujo plantio se concentra em Ponta Grossa e Guarapuava (Sul), foi uma das lavouras mais afetadas. Esses municípios ficam próximos à estação meteorológica do Simepar de Entre Rios, que registrou a menor temperatura do Paraná (2,9 graus negativos). De acordo com as primeiras informações dos técnicos do Deral, metade dos campos está na fase de maior suscetibilidade. A previsão antes das geadas era de que a produção chegasse a 141 mil toneladas.
A situação do feijão, que é bastante sensível às baixas temperaturas, também preocupa. A previsão é de que pelo menos 70 mil hectares dos cerca de 125 mil semeados e germinados (aproximadamente 30% da safra) tenham sido atingidos.
Quanto ao milho, pouco mais de 3% das lavouras estão semeadas. Grande parte delas está se desenvolvendo na região de Francisco Beltrão (Sudoeste), uma da mais comprometidas pelas baixas temperaturas. Por causa disso, os analistas apontam para o replantio do grão ou sua substituição pela soja.
Cautela ? Apesar de as primeiras informações sobre o impacto das geadas não incluírem o café, a orientação para os produtores é de proteção da mudas com menos de seis meses de campo em toda a região cafeeira. A razão para o cuidado é a previsão de ocorrência de geadas fortes e moderadas nessas áreas durante a madrugada. Segundo o Simepar, elas devem ser de forte intensidade nas regiões Sudoeste, Sul e Central.
Ainda segundo o Simepar, a massa de ar frio está se deslocando do Sudeste para o Nordeste nas próximas 48 horas e apontando para a ocorrência de geadas fracas na maior parte do Estado. A previsão é de que a temperatura volte e se elevar somente a partir de quinta-feira.