Gasolina, gás e telefonia vão subir menos este ano

O Banco Central reduziu a projeção de aumento do preço da gasolina neste ano, de 1,3% para 0,8%. A nova estimativa consta da ata da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária, do BC), realizada na semana passada, quando a taxa de juros Selic foi reduzida de 19% para 17,5% ao ano.

Não será apenas a gasolina que terá reajustes menores neste ano. Segundo as novas projeções do BC, o gás de botijão deverá acumular alta de 4,6% em 2003, contra os 5,3% projetados no mês passado. As tarifas de telefonia fixa deverão sofrer reajustes de 19,1% no ano, contra os 25,5% previstos pelo BC anteriormente.

Essa queda acentuada na projeção das tarifas de telefonia fixa é justificada na ata como efeito de uma suposição de que não haverá nova decisão judicial até o final deste ano, autorizando as empresas de telefonia fixa a reajustarem suas tarifas com base nos 25% autorizados pela Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) no primeiro semestre deste ano.

Já as tarifas de energia elétrica deverão fechar o ano, segundo previsões do BC, com aumento de 21,7% contra os 21,2% projetados em outubro.

Com essas revisões, o Copom está prevendo que o conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados (tarifas públicas e preços monitorados como o da gasolina) tenham uma alta de 13,3% em 2003 e não mais de 13,9% como projetado em outubro.

Para 2004, a projeção dos reajustes do conjunto dos preços administrados por contrato e monitorados também caiu 0,4 ponto percentual, atingindo 8,5%. Essa redução, segundo a ata do Copom ocorreu em razão, principalmente, da diminuição dos reajustes previstos para o transporte público no próximo ano.

Redução ainda vai surtir efeito na economia

Os efeitos diretos e indiretos das reduções sucessivas na taxa básica de juros da economia brasileira – a Selic -“ainda não se manifestaram integralmente no comportamento do nível da atividade econômica e na trajetória da inflação”. Essa foi a avaliação feita pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central na reunião realizada na semana passada, quando a taxa de juros Selic foi cortada em mais 1,5 ponto percentual, sendo fixada em 17,5% ao ano.

O resultado da expansão do PIB (Produto Interno Bruto) no terceiro trimestre do ano, divulgado anteontem, confirma essa análise. No período, o PIB cresceu 0,4% em relação ao trimestre anterior, frustrando expectativas de economistas e do mercado financeiro, que esperavam uma expansão mais significativa.

De acordo com a ata da reunião do Copom, divulgada ontem pelo BC, no encontro da semana passada, havia consenso entre os integrantes do Comitê de que seria necessário prosseguir com a flexibilização da política monetária. A justificativa para novas reduções na taxa Selic estaria na perspectiva de uma trajetória de inflação abaixo da meta em 2004, de 5,5%.

Segundo projeções feitas pelo Copom a manutenção da taxa em 19% ao ano e da taxa de câmbio em R$ 2,95 (taxa que prevalecia nas vésperas da reunião) apontava para uma inflação acima da meta ajustada de 8,5% para 2003, mas abaixo da meta de 2004.

Corte do juro não teve unanimidade no Conselho

Apesar do consenso sobre a necessidade de prosseguir com os cortes iniciados em junho, não houve unanimidade na última reunião do Copom com relação ao tamanho da redução da taxa Selic. As incertezas quanto à magnitude e à defasagem dos efeitos da política monetária sobre a economia justificaram a divergência do grupo.

Foram sete votos a favor e dois contrários ao corte de 1,5 ponto percentual. De acordo com a ata da reunião do Copom, os dois integrantes do Comitê que votaram contrariamente ao corte de 1,5 ponto percentual consideraram que seria mais adequado reduzir a taxa em apenas um ponto percentual, “de modo a dar continuidade à flexibilização da política monetária em ritmo mais lento e reservando novos movimentos de maior impulso expansionista para quando o cenário de crescimento econômico com inflação compatível com as metas desse sinais mais firmes de consolidação”.

No entanto, segundo a ata, a maioria dos participantes do Copom entendeu que o “balanço de riscos para a atividade e para a inflação” justificava um corte maior, de 1,5 ponto percentual. No entendimento dos sete integrantes do Copom que votaram a favor desse corte, uma redução maior da taxa Selic neste momento não implicaria em “prejuízo da cautela com que julgam necessário proceder à flexibilização da política monetária diante das incertezas que cercam seu mecanismo de transmissão”.

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