Anderson Tozato / O Estado
Aumento surpreendeu os consumidores.

O litro da gasolina comum, que custava entre R$ 2,03 e R$ 2,09 na maioria dos postos de Curitiba, subiu para R$ 2,25. O reajuste de quase 10% apanhou de surpresa muitos motoristas que foram abastecer o tanque entre a noite de quinta-feira e ontem. Os poucos estabelecimentos que mantinham ainda os preços antigos estavam com filas de carros. O aumento é atribuído ao repasse das usinas de álcool às distribuidoras, mas o índice não explica o patamar atingido nas bombas. Conforme divulgação da Petrobras, apenas os postos da bandeira BR reajustariam o preço da gasolina em 1,5%.

“O álcool teria que ter um aumento de 43,35% para corresponder a esta alta de 10% da gasolina. E com certeza não teve”, defendeu o superintendente da Associação de Produtores de Álcool e Cana-de-Açúcar no Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias. Nos últimos 15 dias, o litro do álcool anidro – que compõe 25% da mistura gasolina – subiu R$ 0,08.

Para o proprietário do Posto Capanema, Marcos Venício Scripes, o aumento do combustível se deve a um conjunto de fatores: preço do barril do petróleo no mercado internacional, aumento do álcool e prática de sonegação e adulteração. O posto reajustou o preço da gasolina de R$ 2,13 para R$ 2,24, e do álcool, de R$ 1,19 para R$ 1,35. “Só nos últimos 20 dias, o álcool já subiu três vezes”, apontou. Scripes acredita que o preço da distribuidora deve passar para R$ 1,95 o litro da gasolina.

“Nós também estamos atônitos, surpresos com o preço”, afirmou ele. Para o empresário, o consumidor já pode esperar novos patamares do preço do álcool a partir do início do ano que vem. “O Brasil deve produzir mais açúcar e reduzir a produção do álcool. A tendência, portanto, é que a médio e longo prazo, o álcool suba.”

Em outros postos, como o Monna Lisa, no bairro Centro Cívico, o reajuste deve acontecer apenas hoje. “Por enquanto, ainda não passamos os preços novos”, afirmou o gerente Eleandro de Sousa Prado. Segundo ele, a distribuidora aumentou o preço de R$ 1,82 a R$ 1,86. “A partir de amanhã (hoje) deve ir para R$ 2,25”, adiantou. Prado não soube explicar o motivo do aumento de quase R$ 0,16. Para ele, o reajuste deve acontecer porque a distribuidora “vai aumentar o preço de novo”.

No Auto Posto Ortoma, uma fila de carros aguardava ontem a vez para abastecer. O motivo: o litro da gasolina estava sendo vendido a R$ 2,03. Segundo o gerente Celso Martins, o último lote de gasolina chegou ao posto pelo custo de R$ 1,899. “Ainda não recebi mais, por isso não sei para quanto vai”, afirmou Martins. No final da tarde, um dos tanques do posto já estava zerado.

Dono de posto faz ameaças

Lamentável a atitude do dono do posto Acaraí, bandeira Ipiranga, no bairro Mercês. Ele ameaçou a reportagem do jornal O Estado do Paraná com “chamar a polícia” quando viu que seu funcionário (gerente do posto) estava concedendo entrevista sobre o aumento do preço de combustíveis. O proprietário afirmou categoricamente que não gostaria que a entrevista fosse publicada, tentou tomar o bloqueto de anotações da repórter e exigiu que as folhas onde estavam anotadas as declarações do gerente fossem rasgadas.

Tentou ainda impedir a saída da equipe da reportagem da loja de conveniência e ameaçou chamar a polícia.

Atitude de pessoas como a deste empresário só empobrecem e envergonham a sociedade. O posto em questão reajustou o preço da gasolina de R$ 2,03 para R$ 2,25 – aumento de mais de 10% – e o gerente havia informado anteriormente que a alta se deve à recomposição da margem de lucro. (LS)

Incêndio faz petróleo encostar em US$ 45 o barril

A escalada do petróleo continua. O preço aproximou-se dos US$ 45 depois de um incêndio em uma refinaria nos EUA e da incerteza quanto ao futuro da gigante petrolífera russa Yukos.

O barril do petróleo cru para setembro chegou a ser negociado a US$ 44,77 no pregão eletrônico da Bolsa Mercantil de Nova York. O barril do petróleo Brent para setembro chegou a ser cotado a US$ 41,50 no International Petroleum Exchange, em Londres, maior preço desde que começou a ser negociado, em 1988.

O incêndio na unidade de produção da gigante British Petroleum no Texas (EUA), apesar de ter sido logo controlado, conseguiu pressionar o preço do barril. A unidade da BP no Texas produz 470 mil barris por dia e é a terceira maior refinaria nos EUA.

Os problemas da Yukos com suas dívidas de impostos continuam na lista de preocupações do mercado financeiro. O governo russo proibiu a Yukos de usar recursos de contas bloqueadas devido a uma dívida em impostos no valor de US$ 3,4 bilhões.

A Yukos produz cerca de 1,7 milhão de barris por dia, quase 2% da produção mundial, e o risco de quebra da empresa aumenta os temores quanto ao fornecimento mundial do petróleo.

A Opep (Organização de Países Exportadores de Petróleo) diz que a produção está em seu nível mais alto desde 1979, cerca de 30 milhões de barris por dia, e que está pronta para elevar de 1 milhão a 1,5 milhão de barris por dia em sua próxima reunião, prevista para 15 de setembro, segundo o presidente do cartel, Purnomo Yusgiantoro.

A organização aumentou a cota de produção de seus países membros em 500 mil barris por dia no início do mês, para tentar conter os preços do barril.

continua após a publicidade

continua após a publicidade