Gasolina amanhece quase 10% mais cara

Os curitibanos que foram abastecer o carro ontem levaram um susto: postos em que o litro da gasolina era vendido a menos de R$ 1,90, em média, no início da semana, reajustaram o preço para até R$ 2,09 – mesmo patamar atingido em meados de junho, quando o governo anunciou o aumento de 10,8% nas refinarias. O que mais chama a atenção é que a alta aconteceu sem qualquer anúncio prévio ou autorização por parte do governo federal. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis no Paraná (Sindicombustíveis-PR), Roberto Fregonese, alega que o preço praticado em Curitiba era artificial e que não conseguiu se sustentar. Ele negou a prática de cartel por parte dos donos de postos.

“Cartel é combinação de preços, e eu garanto que não houve combinação de preços nem para baixo nem para cima”, afirmou Fregonese. Segundo ele, não existia margem de lucro para os donos de postos trabalharem. “Enquanto houve alta nos outros estados, no Paraná houve baixa”, disse, referindo-se ao reajuste pela Petrobras.

No sobe-e-desce do preço da gasolina, o litro já custou R$ 1,89 antes do aumento anunciado pelo governo federal, em junho. Subiu para R$ 2,09, mas foi caindo gradativamente, até atingir R$ 1,88 em alguns postos de Curitiba. Na quarta-feira, alguns estabelecimentos já haviam reajustado o preço nas bombas, mas ontem era quase impossível encontrar o combustível sendo vendido a menos de R$ 2,09.

“Em Curitiba, estávamos trabalhando em dumping (prática de preços abaixo do custo). Era um preço totalmente artificial. Enquanto em outros estados o valor era bem mais alto, aqui a briga entre as companhias acabou deprimindo os preços”, afirmou. Segundo ele, a alta se deve também ao aumento do álcool anidro e hidratado. “Entre sexta-feira e segunda, o álcool subiu até R$ 0,20 o litro por parte das usinas”, contou. “Isso fez com que houvesse mudança de estratégia por parte das distribuidoras. Os preços se modificaram e houve uma oxigenação dentro do mercado.”

Com a alta, o litro do álcool que vinha sendo vendido até por R$ 0,90, agora é comercializado por R$ 1,09. Já o litro da gasolina, segundo Fregonese, é vendido por R$ 1,89 a R$ 2,15. “Ainda há quem insiste em vender a R$ 1,89, mas não deve se sustentar.” Segundo ele, o litro da gasolina é vendido aos postos por R$ 1,87 a R$ 1,89, enquanto o álcool, de R$ 0,95 a R$ 0,99. Se os preços nas bombas se mantiverem, a margem de lucro dos donos de postos será de R$ 0,22 a R$ 0,25 por litro de combustível.

Preços abusivos

De acordo com o coordenador do Procon-PR, Algaci Tulio, como não existe um parâmetro de preços dos combustíveis, não há como enquadrar qualquer aumento como prática abusiva. “É uma situação complicada, porque não existe tabelamento de preços. Os postos são livres para colocarem o preço que bem entenderem”, afirmou Algaci Tulio. “O Procon não tem muito o que fazer.”

A recomendação do órgão, segundo ele, é que os consumidores pesquisem os preços antes de abastecer, mas que também tomem cuidado com a qualidade do produto. “Se encontrar gasolina a R$ 1,89 ou R$ 1,99, desconfie”, alertou. No último levantamento feito pelo Procon-PR no dia 6 desse mês, o preço médio do litro da gasolina em Curitiba era R$ 1,99. Já o levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP) aponta que a média de preço da gasolina entre os dias 11 e 17 de julho era R$ 1,94 o litro. O menor preço encontrado foi R$ 1,84 e o maior, R$ 2,09.

A Promotoria de Defesa do Consumidor em Curitiba informou, através da assessoria de imprensa, que está investigando possível alinhamento de preços nos postos da capital desde fevereiro. Por enquanto, as informações são sigilosas, afirmou a assessoria.

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