Reajuste do GLP vai dar impacto de
0,14 pontos na inflação de junho.

Rio (AE) – A Petrobras anunciou ontem um reajuste de 9,2% no preço do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de botijão. O novo preço do combustível passa a vigorar no dia 1.º de junho. Ontem, venceu o prazo mínimo de 15 dias estipulado pela estatal para reajustes nos preços do diesel e da gasolina, mas a empresa optou por não fazer alterações.

O reajuste do GLP é o segundo do ano, totalizando um aumento de 25% no ano. A empresa alega que a cotação internacional do produto aumentou 6,7% e o câmbio variou 4,7%, justificando o aumento do próximo dia 1º, 60 dias após a última alteração. A empresa informou, em nota oficial, que o porcentual de reajuste ficou menor do que a variação do preço internacional.

Baixa renda

O reajuste terá impacto de 0,14 ponto porcentual na inflação de junho, medida pelo IPCA, segundo cálculos do economista Paulo Bruck, do Instituto Fecomércio. O GLP tem impacto pequeno no IPCA, de apenas 1,53%, mas tem maior peso no bolso das famílias de baixa renda.

Segundo Bruck, o impacto do reajuste de 9,2% anunciado hoje será de 0,8 ponto porcentual no INPC, índice que mede a inflação de famílias com renda de até oito salários mínimos.

Nos casos da gasolina e do diesel, a empresa não se manifestou sobre reajustes. Segundo cálculos da consultora Fabiana Fantoni, da Tendências, o preço internacional da gasolina, em reais, variou cerca de 4% nos últimos 15 dias, impulsionado pela desvalorização do real. No caso do diesel, a variação foi de cerca de 4,5%. A Petrobras comprometeu-se a só mexer nos preços internos caso a variação internacional ultrapassasse os 5%.

Lucro

Mais uma vez, a revenda de combustíveis aproveitou um aumento dado pela Petrobras no preço da gasolina para elevar suas margens de lucro. Segundo levantamento feito pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), os postos de gasolina das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul aumentaram suas margens entre 6% e 8% em abril, logo após o reajuste de 10,08% no preço da gasolina. Em março, a ANP já havia detectado movimento semelhante nos ganhos dos revendedores.

O presidente da Federação Nacional do Comércio Varejista de Combustíveis (Fecombustíveis), Gil Siuffo, nega que haja uma recomposição de margens. Segundo ele, o aumento dos preços deve-se à redução da adulteração e da sonegação. “Os sonegadores e adulteradores puxam os preços para baixo e, para competir, postos e distribuidoras chegam a trabalhar com margem zero em algumas regiões. A tendência é de que o preço suba à medida em que as ações de combate às irregularidades surtam efeito”, explicou.

Segundo a pesquisa semanal de preços da agência, não houve variação significativa no preço da gasolina após a redução de 1,08% no preço cobrado pela Petrobras em 13 de maio. Na verdade, o preço médio praticado no País chegou a subir de R$ 1,723 para R$ 1,725 por litro entre as semanas anterior e posterior ao reajuste.

Cartel

O levantamento mensal da ANP destaca o mercado de combustíveis em Brasília (DF) e Tubarão (SC), por indícios de formação de cartel. As duas cidades apresentam baixo índice de dispersão de preços, ou seja, a diferença entre os valores praticados nos postos é muito pequena. Além disso, as margens da revenda são superiores às médias praticadas nas regiões em que estão localizadas.

A ANP já encaminhou uma análise do mercado da capital federal para a Secretaria de Direito Econômico (SDE), para apurar existência de cartel. “Em relação à cidade de Tubarão”, diz o relatório, “será elaborada uma análise do mercado de distribuição e revenda de gasolina para verificar a existência de indícios referentes à infração à ordem econômica”.

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