Frutas rendem oito vezes mais que grãos

Nivaldo Ardenghi, o popular Coringa, tradicional produtor rural de Nova Esperança, Extremo-Noroeste do Estado, está decidido. Em vez de comprar mais terras para plantar soja, pretende arrendar terras ociosas no arenito-caiuá para ampliar a produção de laranjas. Neste momento, ele vende laranja de mesa por R$ 0,40 a R$ 0,60 o quilo. Grande negócio. Coringa, também presidente do Sindicato Rural desse município, produz ainda látex em dez alqueires.

“Grãos? Nem pensar. Em pequenas áreas, a fruticultura rende muito. A soja, por exemplo, precisa de terras caras -em torno de R$ 40 mil o alqueire na região de Maringá – e de grandes extensões”, comenta o entusiasmado citricultor, depois de amargar anos de prejuízos elevados por conta do alto custo de financiamentos para produção de grãos. Entrou em profunda recessão. Não era para menos. Chegou a pagar até 18% de juros por mês.

Ardenghi faz parte do perfil de produtores rurais altamente profissionais que, de olho nos custos de produção, preço das terras e, principalmente mercado, apostam na fruticultura. Assim fizeram os sócios Sadao Takakura e Adelino Aramaki, também de Nova Esperança. Eles produzem as variedades de uvas Benitaka (desenvolvida pelo próprio Takakura há cerca de três décadas) e Itália. Venda garantida na capital paulista.

Circuito da Uva

Em Marialva, quem passa pela BR-376, vê na beira da estrada um atraente estabelecimento: Frutos da Terra. Trata-se de uma loja muito bem montada com produtos transformados (frutas, lácteos e embutidos). Seu proprietário – Benício Bonifácio – produz uvas Itália em 2,6 alqueires no mesmo terreno da loja. Muito contente com os lucros, abriu ainda espaço para outros pequenos produtores artesanais venderem embutidos, queijos, cachaça pura e doces.

Os entusiasmados viticultores marialvenses, orientados pela Emater local, vinculada à Secretaria da Agricultura e do Abastecimento, estudam a viabilidade do projeto Circuito da Uva. Os turistas farão um passeio pela zona rural, visitarão videiras, comprarão uvas de mesa, aguardente, queijos, doces e outros produtos. O final do passeio será na loja Frutos da Terra, onde terão ainda a oportunidade de comprar produtos artesanalmente transformados. Haverá, é claro, espaço também para degustação.

Os produtores apostam em levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. De acordo com a última estatística, cada hectare cultivado com frutas apresenta renda bruta média de R$ 6,5 mil por hectare/ano. Isso equivale à renda média oito vezes superior à obtida com grãos. Enquanto pomares comerciais de frutas ocupam quase 60 mil hectares no Paraná, a área absorvida pelos grãos – soja, milho, trigo – excede a 7,5 milhões de hectares.

Alta rentabilidade

Embora ainda não desperte tanta atenção dos produtores rurais, o morango, plantado em apenas 460 hectares no Estado, oferece rentabilidade bruta anual de R$ 50 mil por hectare. Ocupando 6 mil hectares, a uva proporciona receita bruta de R$ 14 mil hectare/ano. Maçã, pêssego, laranja e banana, faturam juntas cerca de R$ 30 mil por hectare/ano.

Segundo Renato Cardoso Machado, chefe do núcleo regional da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento em Maringá, a fruticultura apresenta outro fator positivo: gera muitos empregos em pequenas áreas e durante quase todo o ano. No caso da uva, por exemplo, são necessárias de quatro a cinco pessoas por hectare. Porém, uma advertência: a escolha pela produção de frutas não pode ser emocional ou com base em modismos.

Tamanho do mercado, opção por frutas indicadas pela pesquisa, treinamento de mão-de-obra, regularidade no fornecimento, compromisso com qualidade, padronização, custos compatíveis, capital de giro, dimensionamento de projeto são alguns itens que devem ser analisados com muito critério antes de qualquer iniciativa na área. Nesse sentido, os escritórios locais e regionais da Emater-PR dispõem de pessoal qualificado para análise do empreendimento que, se desenvolvido com rigor profissional, traz lucro certo.

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