Frio também pesa no bolso, segundo Ceasa

A geada que atingiu boa parte do Paraná há algumas semanas já começa a dar reflexos na economia do Estado. Em um levantamento realizado pela Centrais de Abastecimento do Paraná S/A (Ceasa), foi detectado que muitos produtos de olericultura, em particular alimentos folhosos como alface, rúcula, agrião, espinafre, entre outros, foram sensivelmente prejudicados pelo frio intenso. O resultado disso foi um aumento de preço nesses e em outros vegetais e legumes.

De acordo com o gerente da divisão técnica da Ceasa, Valério Borba, ainda não existe uma previsão de quando os preços das hortaliças voltem ao normal. “Foram quatro geadas, sendo que duas foram muito fortes e as outras um pouco mais amenas. De qualquer maneira, isso foi fundamental para que os preços dos produtos disparassem aqui na Ceasa e, consequentemente, nas feiras e nas gôndolas dos supermercados. As culturas de verão, como abobrinha, vagem e tomate, que vêm de outras regiões do Paraná, também foram afetados. Ainda não sabemos por quanto tempo essa alta irá afetar o bolso do consumidor”, avisa. A disparada nos preços atingiu, em escala menor, as frutas. O quilo da manga e da melancia estava até 10% mais caro.

O gerente informa que os alimentos que apresentaram a maior alta foram a couve-flor e o chuchu. A caixa desses produtos, que eram encontrados por até R$ 15, sofreram um aumento de 100%. “Após os problemas com a geada, a couve-flor e o chuchu estavam sendo vendidas por R$ 30 a caixa. Outras hortaliças também ficaram inflacionadas, como a abobrinha, com 80%, folhosos, em média 50% mais caros e o tomate, com 20%. Dos 30 produtos pesquisados, 18 subiram, nove permaneceram com o mesmo preço e apenas três tiveram queda (25% para a batata inglesa, 10% para a banana caturra e 3% para a maçã)”, informa.

Por causa da geada, a produção de hortaliças cai bastante nessa época do ano. Conforme explica Borba, os produtores, temendo sofrer prejuízos em razão desse fenômeno natural, diminuem a plantação. “Mesmo com proteção de estufas e de telas TNT, pode ocorrer perdas com a geada. Somando a baixa produção com a geada, temos a alta dos preços. E quando o produto vem de outra região, tem que acrescentar o valor do frete, que encarece muito o alimento”, explica.

Borba deixa um alerta para os consumidores. Segundo ele, existe uma grande variedade de hortaliças e o cidadão deve ficar atento aos preços e, se possível, variar o cardápio, substituindo os vegetais inflacionados por outros com preço mais acessível. “Basta procurar que você acha produtos mais em conta. A dica é substituir por verduras e legumes semelhantes ou mesmo experimentar coisas novas. O bolso do consumidor vai ficar satisfeito com essa dica”, encerra.

Grãos

A área de grãos sofreu pouco ou quase nada com as geadas. De acordo com o diretor do Departamento de Economia Rural (Deral), Otmar Hubner, apenas o milho sofreu danos com esse problema. “O milho já vinha sendo prejudicado com a estiagem em parte do Paraná. Com a geada, a situação se complicou. Por outro lado, o feijão, o trigo e o café passaram quase que incólumes a esse problema”, afirma.

Safra

Átila Alberti
Ainda não há previsão de quando os preços das hortaliças vão voltar ao normal.

Dez milhões de toneladas a menos de grãos. Essa é a marca que o Brasil deve colher para a safra 2008/2009. A queda de 6,9% na colheita deve-se pela estiagem na região Sul e o excesso de chuvas no Nordeste. De 144,11 milhões de toneladas colhidas na safra anterior, a previsão agora é de 134,15 mi,lhões. Os dados são da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Por ser a área que mais sofreu com as intempéries do tempo, o Sul, que é responsável por quase 40% da produção nacional, vai colher 10,2% a menos. A produção da região está estimada em 53,52 milhões de toneladas. O Centro-oeste deverá colher 48,04 milhões de toneladas, 4,8% a menos. Sudeste, Nordeste e Norte deverão ter queda de 3,8%, 4,9% e 4,3%, respectivamente.

O milho é a lavoura que mais sofre com os problemas do tempo. A cultura na região Sul deverá colher 6,13 milhões de toneladas a menos que a safra 2007/2008, queda de 15%. A soja também sofrerá uma redução. De 60,02 milhões de toneladas, o Brasil vai produzir 57,14 milhões, que da de 4,8%. O Paraná foi o estado que mais sofreu com a redução, colhendo 20,1% a menos.

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