Enquanto o frio de outono já antecipa o inverno, sobretudo na região Sul do País, com temperaturas que se aproximam de zero grau centígrado, o setor de malharias comemora o aumento das vendas. “Do que a maioria não gosta, nós gostamos”, afirma o empresário Gilson Alípio Bobato, dono da Luci Malhas, em Imbituva, a 180 quilômetros de Curitiba, no sul do Paraná. “Quanto mais frio, mais vendemos.”

Com cerca de 30 mil habitantes, o município é um dos principais pólos de malharias-tricô do Estado, com aproximadamente 50 empresas. Mas há pelo menos três anos o inverno vinha decepcionando os empresários. O frio mais forte restringia-se a apenas algumas semanas e os lojistas preferiam não investir em estoque. Neste ano, no entanto, o faturamento da feira de malhas realizada em abril já cresceu 25%. “Desde janeiro os pedidos estão sendo feitos e vêm surpreendendo”, diz Bobato.

A Luci Malhas, com mais de 20 anos, é uma das maiores malharias da cidade, com 28 funcionários e a confecção de 200 peças por dia. A empresa está trabalhando 24 horas por dia, inclusive sábados e domingos. “O que se produz no dia vende-se no dia”, afirma o proprietário. “Só não vendemos mais porque não temos mais produção.”

A presidente da Associação das Malharias de Imbituva, Geny Iarema, diz que o município produz em torno de 100 mil peças por mês. Ela é nova no setor, com quatro anos de atividade em sua Clau-Gê Malhas, produzindo apenas mil peças por mês e empregando três pessoas. “As indústrias são mais familiares”, diz.

A Malharia Charme, que tem 14 anos, aumentou em cerca de duas horas diárias o volume de horas extras dos funcionários de montagem, que estão produzindo 2,5 mil peças por mês. Sem vendedores externos, ela atende as excursões que chegam diariamente em microônibus e vans. Segundo o proprietário, Douglas Vicente Penteador, a média de compra por pessoa gira em torno de R$ 2 mil. “A gente dá bastante prazo”, justifica.

Pagar hora extra para os oito funcionários também foi a opção encontrada por Sirlei de Antoni, da Malharia Liandra, que ainda tem mais quatro pessoas da família trabalhando a todo vapor. Em anos anteriores, o inverno nem começava oficialmente e a malharia já precisava pensar na moda verão. Agora, não. A expectativa é de que até o final de julho as máquinas estejam trabalhando quase sem parar. “Não estávamos esperando tanta procura”, afirma Sirlei, que fabrica mais de mil peças por mês.

Em Cianorte, no norte do Estado, a 520 quilômetros de Curitiba, onde está um dos maiores pólos de confecções do País, a previsão é de aumento de 25% nas vendas mensais de 1 milhão de peças.

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